Os candidatos à Presidência Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se enfrentaram na noite deste domingo, 16, no primeiro debate do segundo turno, explorando principalmente dois temas. Enquanto o petista procurou destacar os programas e políticas sociais e educacionais durante o governo do PT, Bolsonaro deu ênfase aos episódios de corrupção das gestões petistas. O encontro foi promovido pela Band TV em parceria com pool de veículos de comunicação formado pela TV Cultura, UOL, Folha de S. Paulo e demais emissoras do Grupo Bandeirantes.
Destaques
O encontro teve apenas um direito de resposta concedido, beneficiando o petista. Apesar disso, ambos os candidatos trocaram acusações sobre quem mentiu mais e evitaram falar de reformas na economia. Em um dos poucos pontos em que concordaram, tanto Lula quanto Bolsonaro se comprometeram a não alterar a composição do Supremo Tribunal Federal, formado por 11 ministros.
Veja como foi o debate:
Acompanhe ao vivo
Veja o próximo debate
Encerramos aqui a cobertura ao vivo do primeiro debate do segundo turno; acompanhe na próxima sexta-feira, 21, o debate promovido pelo ‘Estadão’ e pool de veículos de imprensa.
Confira a agenda dos próximos confrontos e siga a cobertura completa das eleições 2022 no portal e na edição impressa do Estadão.
Obrigado pela audiência!
Marina diz que Bolsonaro teve ‘delírio’ ao falar de meio ambiente
A deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) disse que o presidente Jair Bolsonaro fez um debate com base em um “delírio negacionista”. Ex-ministra do Meio Ambiente sob Lula, Marina afirmou que houve 23 mil quilômetros de área destruída durante o governo Bolsonaro, equivalente ao Estado do Rio de Janeiro.
No debate da Band TV, o presidente afirmou que houve recorde de desmatamento na Amazônia no governo Lula. “Dá um Google em casa aí”, disse ele, dirigindo-se aos telespectadores, ao pedir que todos comparassem os dois governos no tocante ao tema ambiental. “Pode dar um Google, pode dar o que você quiser”, respondeu Lula. Até convidados de Bolsonaro que acompanhavam o debate riram.
Marina disse que no período em que ela foi ministra do Meio Ambiente, de 2003 a 2008, a gestão Lula foi responsável por “80% das áreas protegidas”, enquanto de 2019 até hoje, no governo Bolsonaro, houve “destruição de 1/3 das florestas”. “O problema é que nosso adversário nessa campanha é um mitômano”, criticou Marina, “Ele não faz debate com base na realidade, mas, sim, com base em um delírio negacionista”, emendou a ex-ministra.
Vera Rosa
‘Estadão Verifica’ checou o debate entre Lula e Bolsonaro na Band; veja o resultado
Candidatos à Presidência erraram dados sobre covid, salário mínimo e Bolsa Família.
Primeiro debate entre presidenciáveis no 2º turno termina empatado, melhor para Lula; leia análise
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expôs a má gestão da pandemia feita pelo atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, dominando a primeira parte do debate realizado neste domingo em São Paulo. Na parte final, foi a vez do candidato do PL conduzir o embate e repetidas vezes obrigar Lula a falar sobre corrupção, sobretudo sobre o escândalo envolvendo a Petrobrás, o chamado Petrolão - no bloco intermediário jornalistas fizeram perguntas. No final da noite, o empate técnico no primeiro debate entre Lula e Bolsonaro foi melhor a Lula, líder das pesquisas de intenção de votos e vitorioso no primeiro turno das eleições com aproximadamente 6 milhões de votos a mais que o atual presidente.
Leia aqui a análise dos principais momentos do debate.
Daniel Fernandes
Debate na Band entre Lula e Bolsonaro expõe calcanhar de Aquiles das candidaturas; leia análise
Os efeitos de um debate presidencial precisam ser analisados à luz de dois tipos de fatores: 1) cenário eleitoral e 2) ambiente de campanha. O desempenho individual dos candidatos vale muito pouco se não forem atalhos para resolver os dilemas da campanha que se aproxima do fim com um paradoxo: enorme fluxo de informações e agenda e pouca alteração no quadro eleitoral, o que deve manter a disputa aberta.
Lula lamenta falta de discussão sobre economia
Em entrevista ao final do debate, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou que as altercações entre ele e o presidente Jair Bolsonaro (PL) não tenham focado mais na discussão sobre a economia do País.
“Lamentavelmente não houve muita pergunta para debater economia, e mesmo no tempo livre não discutimos economia”, disse a jornalistas.
O petista também defendeu o modelo do debate, em que os dois candidatos puderam andar livremente. “Espero que todas as eleições tenha debate desse nível porque permite que as pessoas possam ter mais flexibilidade, tempo e oportunidade de falar com os eleitores”, disse.
Gustavo Queiroz
Junto com Moro, Bolsonaro diz acreditar que Lava Jato voltará ‘a ser uma realidade’
Entrevistado depois do debate, Bolsonaro disse que a opinião pública “tomou conhecimento” das propostas de Lula e “do seu caráter”. “É uma pessoa que sonha em voltar à cena do crime, mas não conseguirá isso”, afirmou o presidente, candidato à reeleição, sobre seu adversário.
Bolsonaro ainda acusou Lula de comandar “o maior esquema de corrupção da história da humanidade” e de ser responsável pelo endividamendo do País e pela perda, em parte, dos valores familiares. “É uma pessoa que está bastante raivosa, que fala o tempo todo em perseguir quem o condenou no passado”, alegou.
Ao fim da entrevista, Bolsonaro mostrou, ao seu lado, o ex-juiz Sergio Moro, eleito senador pelo Paraná. “Ele é um dos responsáveis pelo ressurgimento do Brasil naquela época. Perdemos um pouco com a volta do Lula, interferindo em vários setores. Mas a gente acredita que a Lava Jato volte a ser uma realidade num futuro próximo para o bem do nosso Brasil”, disse o presidente.
Moro foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro, mas deixou o governo depois de desentendimentos com o chefe do executivo, a quem acusou de interferir na Polícia Federal.
Rubens Anater
Lula e Bolsonaro comparam governos no combate ao desmatamento
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro seguiram disputando números de seus governos no terceiro bloco do debate.
O petista disse que sua gestão foi responsável por diminuir o desmatamento na Amazônia e que o País era elogiado por cuidar da questão ambiental. “Destruição, invasão de terra indígena, garimpo ilegal, isso não vai ter”, disse. Lula também voltou a dizer que o agronegócio “que é sério” sabe que não pode invadir a Amazônia. “O homem do agronegócio não invade, quem invade é bandido, isso vai acabar, não tem conversa mole.”
Bolsonaro rebateu acusando Lula de querer dividir a biodiversidade da Amazônia com o mundo em vez de fortalecer o poder do País sobre a floresta. O presidente também disse que o desmatamento foi menor em seu governo.
Os candidatos ainda fizeram altercações sobre economia. Lula argumentou que houve crescimento real do País durante os oito anos que comandou o Executivo federal. Já o presidente afirmou que pegou “um País quebrado” e que o Brasil agora é a décima economia do mundo.
Bolsonaro também questionou Lula sobre quem será seu ministro da Economia. “Quem vai ser seu ministro da Economia, já decidiu ou está barganhando ainda com algum partido político?”, perguntou.
Bolsonaro reforça pautas de costumes nas considerações finais
O presidente Jair Bolsonaro usou seus minutos finais do debate para reiterar a defesa das pautas de costumes encampadas por sua campanha nos últimos dois meses.
“Eu quero um país livre, onde seja respeitado a liberdade de expressão, possa ir com segurança para casa, ter certeza que seu filho vai para escola sem ser cooptado pela ‘ideologia de gênero’”, disse.
O presidente também voltou a alegar que, se Lula for eleito, crianças vão “frequentar o mesmo banheiro” nas escolas. “O lado de lá quer liberar as drogas, nós não queremos. Nós somos cristãos em 90% (do Brasil). Nós respeitamos a vida desde a sua concepção. Não ao aborto, sim à propriedade privada”, completou.
Gustavo Queiroz