O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado Guilherme Boulos (PSOL) protagonizaram debate morno com acusações na noite desta sexta-feira, 25, dois dias antes da votação que elegerá o próximo prefeito de São Paulo. O prefeito defendeu sua gestão, se vendeu como liberal e aponto “extremismo” do adversário, enquanto o parlamentar tentou pintar o rival como alguém sem pulso e rodeado de suspeitas de corrupção.
Destaques
Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado no primeiro turno com 28% dos votos, nem sequer foi citado. Mais cedo, Boulos participou de uma sabatina promovida pelo influenciador em uma tentativa de conquistar parte do eleitorado de Marçal, que declarou que anulará o voto após Nunes recusar convite para participar.
O confronto esquentou quando o assunto passou a ser a relação dos candidatos com a Justiça. Boulos mencionou a Máfia das Creches, esquema de desvio de recursos públicos no qual Nunes é investigado. O prefeito negou qualquer ilegalidade e rebateu que o candidato do PSOL fugiu da Justiça por seis anos para conseguir a prescrição de uma ação por dano patrimonial.
Nunes começou o debate exaltando sua parceria com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e explorando a ausência de Boulos em uma votação na Câmara dos Deputados de um projeto de lei para aumentar a pena de criminosos. O prefeito também disse que o rival é favorável a descriminalização das drogas, do aborto e a desmilitarização da Polícia Militar e que diz ter mudado de posição por conveniência eleitoral.
Em um gesto à direita, defendeu concessões e parcerias público-privadas, mencionou que reduziu impostos sobre aplicativos de streaming e lembrou o acordo com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado, para acabar com a dívida da Prefeitura com a União.
Boulos se colocou como o candidato da mudança e afirmou que sua missão era mostrar aos paulistanos que Nunes não foi um bom prefeito e que faltou firmeza ao emedebista nos momentos em que a população mais precisava. “Você não teve pulso para enfrentar a Enel como deveria, apoiou a privatização da Sabesp em troca de apoio eleitoral (de Tarcísio) e tivemos a privatização dos cemitérios”, declarou, acrescentando que os custos para realizar velórios e enterros subiu.
O candidato do PSOL, que se comprometeu a ter responsabilidade fiscal, disse que defende a descriminalização do usuário de maconha, mas que traficantes são criminosos e precisam ser alvo da polícia. Em seguida, pressionou Nunes a responder se Bolsonaro acertou na gestão da pandemia de covid-19. O emedebista inicialmente tergiversou, mas depois respondeu. ”São Paulo na minha gestão se tornou a capital mundial da vacina. A vacina que você tomou foi o Bolsonaro que mandou para cá. Não sou julgador do presidente”, disse Nunes.
Durante a campanha, em aceno aos bolsonaristas, o prefeito disse que passou a ser contra a obrigatoriedade da vacina e a considerar que foi um erro o fechamento do comércio.
Os dois candidatos disputam o comando da Prefeitura da maior cidade do País. No primeiro turno, Nunes obteve 1.801.139 votos (29,48% dos votos válidos), enquanto Boulos recebeu 1.776.127 votos (29,07%).
Acompanhe ao vivo
Transmissão encerrada
Chega ao fim a transmissão do último debate entre os candidatos Guilherme Boulos e Ricardo Nunes, que disputam a preferência do eleitorado no domingo, 27. Para saber todas as informações sobre o segundo turno em São Paulo e em outras 50 cidades do País, acompanhe a cobertura do Estadão.
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Boulos diz que Nunes ‘fugiu’ de perguntas e que ‘não tem medo de debate’ ao falar de sabatina com Marçal
Em entrevista coletiva após o debate, Guilherme Boulos afirmou que seu adversário “fugiu de maneira muito constrangedora” das perguntas propostas pelo psolista ao longo do programa. O deputado federal também se queixou das “mentiras” das quais foi alvo ao longo da campanha eleitoral. “Ao longo de toda essa campanha, eu fui alvo de muitas mentiras, tentando colocar medo nas pessoas, insegurança sobre a mudança que representamos.”
Questionado sobre o desafio para que Nunes abra seu sigilo bancário de maneira espontânea, o candidato do PSOL voltou a dizer que não teria nenhum problema em fazê-lo”. “Foi um desafio em resposta a quem me acusou de não trabalhar”, disse o candidato do PSOL, descrevendo a postura do seu adversário como “agressiva, atacando com mentiras”.
Sobre a sabatina com Pablo Marçal (PRTB) realizada no início da tarde desta sexta-feira, Boulos afirmou que aceitou o convite do candidato a prefeito derrotado pois “não tem medo de debate”. “Não fujo de nenhum tipo de embate, mesmo contra adversários que me atacaram de maneira desleal”, disse.
Nunes diz que Boulos passou ‘mico’ em sabatina com Marçal nesta sexta; prefeito vê abstenção nas urnas com ‘preocupação’
Nunes avaliou positivamente sua participação no debate, durante fala à imprensa depois do encontro. Ele elogiou, especificamente, o mapa da cidade de São Paulo que ficou disponível em um telão no chão do estúdio da TV Globo. O atual prefeito também ironizou a presença de seu adversário do PSOL em uma sabatina promovida pelo ex-candidato Pablo Marçal no início da tarde desta sexta, 25.
“Achei um pouco estranho. Caberia à imprensa fazer as sabatinas. Mas, o que ficou bem marcante, é que Marçal diz que não votaria em Boulos. Acho que ele acabou passando um mico lá”, declarou o emedebista. Ao final da coletiva, ele disse ver com “preocupação” a abstenção de eleitores neste domingo, 27, e que tem feito campanha para incentivar a população a ir às urnas.
Quem ganhou o debate da Globo em SP entre Nunes e Boulos? Veja a opinião dos colunistas do Estadão
Ricardo Nunes ou Guilherme Boulos? Quem se deu melhor no embate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo na Globo? E quais as estratégias utilizadas por eles para conquistar os eleitores no último encontro da campanha eleitoral de 2024?
Fim do debate
Termina o debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos e Ricardo Nunes. Este foi o último encontro entre os dois antes da votação do segundo turno, no domingo, 27. Agora, os candidatos falam com os jornalistas sobre como foi o embate. Veja em instantes.
Considerações finais de Guilherme Boulos
“Você percebe a diferença entre a cidade real e o que diz o meu adversário. Eu sei que a maioria de São Paulo quer mudança”, disse Guilherme Boulos em suas considerações finais. “A mudança que São Paulo precisa é aqui”. Na última mensagem ao telespectador, o candidato do PSOL destacou o trabalho do time convocado por sua campanha, em especial sua companheira de chapa. “Eu me preparei para governar essa cidade. Chamei a Marta Suplicy, uma grande prefeita, para ser minha vice”. “São Paulo nunca esteve tão insegura. Não se deixe levar por mentiras”.
Considerações finais de Ricardo Nunes
Em suas considerações finais, Ricardo Nunes cumprimentou a organização do debate, seu adversário Guilherme Boulos e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), presente na plateia no estúdio da TV Globo. “Hoje São Paulo está em dia com sua saúde financeira. Temos muita coisa para fazer, mas estou com muita energia e muita vontade”, declarou o candidato do MDB. Ele voltou a dizer que tem experiência à frente do Executivo municipal, ao contrário de seu adversário, a quem chamou de “inexperiente”.
Considerações finais
Termina a fase de confronto do quarto bloco do debate entre os candidatos. Agora, Nunes e Boulos, nessa ordem, fazem as considerações finais.
Análise: Andança de Boulos incomoda Nunes
O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, quer passar a mensagem de que Ricardo Nunes (MDB) é um prefeito fraco. Em várias ocasiões, ironizou Nunes, dizendo que ele estava “nervoso”. O formato do debate da TV Globo, que permite aos candidatos saírem do púlpito, parece incomodar o prefeito.
Por mais de uma vez, Nunes disse que Boulos estava ”invadindo” o seu espaço por chegar muito perto dele. Foi mais uma tentativa para associar o candidato do PSOL a invasões.
Vera Rosa
Boulos sugere que prefeito melhore propositalmente imagem da cidade durante suas falas: ‘Ricardolândia’
O atual prefeito voltou a destacar que tem experiência na Prefeitura de São Paulo e que ajustou a saúde financeira da cidade. Ele reforçou o aumento da quantidade de passageiros que usam o transporte público na cidade. “Só na ‘Ricardolândia’. Os ônibus estão demorando mais. O que eu não defendo é tarifa zero com ônibus zero”, retrucou Boulos, ao comentar sobre a precariedade do transporte municipal na capital paulista.
“Vamos negociar com o presidente Lula os recursos do PAC”, diz Boulos. “PAC?”, responde o oponente. “PAC. Calma Nunes, nem isso você está sabendo”, diz o psolista, que menciona que o atual prefeito acabou com a gratuidade no transporte público para idosos na cidade. “Fico assustado. Foi uma lei federal...”, se defendeu Nunes.