O primeiro debate do segundo turno na eleição de São Paulo, realizado pela Band na segunda-feira, 14, teve como tema principal o apagão enfrentado pelos paulistanos nos últimos dias. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) buscou responsabilizar o governo federal pela ausência de medidas mais duras contra a Enel, concessionária de energia elétrica, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) criticou a demora da gestão do emedebista em adotar medidas para restabelecer a ordem urbana, como o conserto de semáforos e retirada de árvores derrubadas pela chuva.
Destaques
“Você não faz poda de árvore e a culpa é do Lula? Nunca o problema é seu, a responsabilidade é sua. Você devia ter mais humildade e assumir sua responsabilidade. Você errou e não fez o elementar”, disse Boulos.
“Eu pedi desde o ano passado a extinção do contrato, mas está escrito no contrato que só quem pode fazer é o governo federal”, respondeu Nunes. “Você precisa explicar por que você, como deputado federal, sequer fez alguma sugestão de mudar a lei federal”, acrescentou o prefeito.
O debate foi cordial e nem de longe lembrou os tensos embates do primeiro turno. Os candidatos chegaram a se abraçar enquanto debatiam. Nunes buscou pintar Boulos como alguém sem experiência de gestão e com posições, segundo ele, extremistas, como a descriminalização das drogas e a desmilitarização da polícia — o candidato do PSOL adotou tom mais moderado nesta campanha, revendo posições que adotou no passado.
O candidato do PSOL, por sua vez, insistiu em mencionar a Máfia das Creches, esquema de desvio de recursos públicos no qual Nunes é investigado, pediu repetidamente que o prefeito se comprometa a quebrar o próprio sigilo bancário e se colocou como a mudança em relação a uma gestão que vê como problemática. Nunes se defendeu dizendo que nunca foi condenado e que não é indiciado no caso.
Acompanhe ao vivo
Transmissão ao vivo encerrada
O Estadão encerra aqui sua transmissão ao vivo do debate da Band com Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), candidatos à Prefeitura de São Paulo que se enfrentam em segundo turno. Obrigado a todos os leitores que nos acompanharam nesta noite.
Nunes diz que apagão em São Paulo não deve impactar campanha
O atual prefeito disse que apesar de “algumas mentiras” e “agressões” o debate foi positivo. “Eu tive a oportunidade de poder falar, de demonstrar a experiência e o conhecimento, não imaginava que o Boulos fosse tão despreparado”. Nunes falou sobre o momento em que os dois se abraçaram no palco dizendo que foi uma tentativa de Boulos de intimidá-lo. “Eu vim do Parque Santo do Sul, né gente, então não vai intimidar não”, afirmou.
Questionado se não estaria se baseando demais nas últimas pesquisas eleitorais, Nunes afirmou que “uma rejeição acima de 50% é algo que é difícil a gente ver”, justificando o comentário feito durante o confronto sobre Boulos estar com “medo”.
Apesar dos embates, Nunes classificou o debate como “bacana” e afirmou ter sido importante para a democracia, comparando o evento com os debates para o primeiro turno. “A gente faz sempre uma comparação com os outros, né, como os outros foram muito complicados, muito tumultuados, esse aqui a gente conseguiu avançar bastante”, avaliou.
Nunes disse ainda que o apagão não deverá gerar nenhum impacto negativo para a própria campanha. “Se tiver algum impacto negativo, precisa ser para o candidato do Governo Federal, porque a concessão, regulação, fiscalização é do Governo Federal”, afirmou o atual prefeito.
Boulos cobra que Nunes abra conta bancária; saiba quanto cada um declarou em depósitos ao TSE
O atual prefeito, que construiu carreira no setor empresarial, disse ter R$ 1.823.742,88 em depósitos; o deputado federal, que é professor universitário, afirmou ser detentor de R$ 12.692,87. Clique aqui para ver quanto dinheiro os dois candidatos à Prefeitura de São Paulo declararam ao TSE.
Boulos avalia que debate serviu para “mostrar o discurso de propaganda” de Nunes
Na avaliação de Boulos, o debate serviu para mostrar o discurso de propaganda do adversário. “Para ele a Prefeitura fez tudo certo [...] e as pessoas que viveram esses últimos três dias e que vivem a São Paulo real sabem que isso é mentira”, disse.
O candidato do PSOL afirmou ainda que houve um “apagão” no sistema de saúde da capital paulista, criticando a fila de exames e a dificuldade dos paulistanos para conseguir remédios “ E ele diz que todo mundo que vai na UBS consegue remédio”. O psolista disse que a disputa no segundo turno será entre “quem quer deixar a cidade como está, largada” e “quem quer mudança”.
Questionado se a postura de ataque seria uma estratégia para angariar votos dos eleitores de Pablo Marçal (PRTB), Boulos usou futebol para responder. “Eu sempre gostei mais do Telê Santana do que do Parreira, entendeu? O que está muito na retranca não é muito a minha cara”, explicou o psolista. Boulos ainda disse que Nunes é “tenso” e “assustado” ao comentar sobre sua aproximação durante o confronto.
“O que as regras do debate acordadas pelas duas campanhas diziam é que não podia ter entre os candidatos, mas que podiam andar ao palco livremente, se aproximar um do outro. Foi o que eu fiz, mas acho que ele ficou um pouco assustado”, explicou.
Vacina contra Covid vira tema do debate em SP
No terceiro bloco do debate da Band, Boulos perguntou a Nunes se Jair Bolsonaro, aliado do prefeito, “fez o certo” na pandemia; o emedebista evitou a defesa explícita do ex-presidente e disse que SP é a “capital mundial da vacina”. Clique no vídeo abaixo para assistir.
Análise: Boulos cita ‘prefeito fraco’ e Nunes, ‘deputado inexperiente’, em debate operado por marqueteiros
Candidatos à Prefeitura de São Paulo, que disputarão o segundo turno no dia 27, levaram do início ao fim as estratégias produzidas pelas equipes em encontro equilibrado, que interessa mais ao emedebista que ao psolista, escreve Ricardo Corrêa. Clique aqui para ler a íntegra da análise.
Boulos diz que é mudança contra ‘sistema podre’ que começou com Doria
Boulos usou as considerações finais para passar a mensagem de que ele representa a mudança enquanto Nunes a continuidade de uma administração que, na visão dele, é negativa. O psolista disse ainda que recebe a pecha de extremista e radical porque o adversário quer que os eleitores tenham medo da mudança e afirmou que a mesma estratégia foi utilizada contra Lula em 2022.
“Diziam que se o Lula ganhasse iria fechar igreja, iria ter kit gay. Aconteceu alguma coisa disso? Nada”, declarou. “Vomitar um monte de número aqui não resolve o problema, não torna a saúde melhor, não torna a cidade mais segura. O que você vai decidir é se quer deixar tudo como está ou se quer mudar. Se quer permitir que esse sistema podre desde o Doria permaneça ou se quer renovação em São Paulo”, concluiu Boulos.
Debate se encerra com pouco mais de uma hora e meia
O debate da Band acaba de se encerrar, com dois minutos de considerações finais para cada candidato. Ricardo Nunes (MDB) voltou a defender sua experiência no cargo, enquanto Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que o adversário quer provocar nos eleitores o “medo da mudança”. Ao todo, o confronto durou pouco mais de uma hora e meia.
Nunes defende vice após Boulos mencionar declaração polêmica
Ricardo Nunes defendeu o coronel Mello Araújo (PL), vice em sua chapa, após Boulos relembrar uma declaração polêmica do policial. Araújo disse em 2017, quando era comandante da Rota, que moradores da periferia deveriam ser tratados diferente daqueles que moram nos Jardins.
“O coronel Mello Araújo prestou mais de 30 anos de serviço para a Polícia Militar. Ele recebeu a medalha Cruz de Sangue, quando o policial está em uma ação e é alvejado com um tiro”, respondeu Nunes. “Obviamente tem que tratar todo mundo com respeito.
Boulos também mencionou reportagem do Estadão que mostrou que o vice de Nunes respondeu oito vezes por homicídios ocorridos em decorrência de sua atividade como policial. Segundo a campanha do emedebista, todos os casos foram arquivados pela Justiça ainda na fase de investigação.
Nunes ressalta experiência e equilíbrio em considerações finais
Nas considerações finais, Nunes disse que a disputa será entre a “inexperiência” e a “experiência”, o “equilíbrio” e a “desordem”. O atual prefeito acusou Boulos de ter planos para acabar com a polícia militar e prometeu que, caso eleito, irá ampliar o efetivo da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Nunes ressaltou ainda sua parceria com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal padrinho político na campanha eleitoral. “Essa união é fundamental para avançar na segurança, avançar na habitação”, disse.
O atual prefeito ainda afirmou que irá entregar 72 mil unidades habitacionais e relembrou programas como o Domingão Tarifa Zero e a Faixa Azul para os motociclistas. “Eu sei que tem muita coisa para fazer, tem muita coisa para fazer e nós vamos fazer”.