BRASÍLIA – Por volta das 17h30 desta quarta-feira, 7, era possível ouvir do corredor em frente ao gabinete 730 da Câmara dos Deputados o barulho de vidros e metais batendo. Uma pessoa pergunta para outra sobre as chaves. “Ele trocou a fechadura?”, questionou. Eram os últimos momentos da equipe que assessorava o agora ex-deputado Deltan Dallagnol, cassado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O político teve que entregar a sala e seus assessores levavam as últimas sacolas de materiais antes do espaço ser entregue ao novo ocupante: o suplente Luiz Carlos Hauly(Podemos-PR).
Seis assessores deixaram o gabinete no final da tarde desta quarta. Quatro saíram com sacolas e um quinto carregava uma luminária preta. Encerrado o expediente, a luz foi apagada e a porta – tomada por adesivos com dizeres “345 mil vozes caladas” – trancada.
A jornada de trabalho da equipe nesta quarta-feira se resumiu a encaixotar material para a retirada. Uma parte já havia sido levada mais cedo, mas outros materiais ainda ficaram: garrafas d’água e outros equipamentos secundários. Resta retirar as faixas que cobrem a fachada da porta do ex-deputado.
A terça-feira foi o último dia de Deltan na Câmara. Um ato da Mesa Diretora da Casa confirmou a cassação do ex-procurador da Lava Jato pelo TSE, por unanimidade, no dia 16 de maio. O site da Câmara já informa que Deltan não mais está em exercício da função.
Segundo a Corte, Deltan antecipou a saída do Ministério Público Federal (MPF) para evitar eventuais procedimentos administrativos disciplinares (PADs) e contornar, assim, a Lei da Ficha Limpa.
Em visita ao plenário após a cassação, o ex-parlamentar permaneceu a maior parte do tempo isolado, contemplativo e acolhido por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apenas a presidente do Podemos, Renata Abreu, estava no gabinete que foi esvaziado nesta quarta-feira.
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