Após jantar, aliados de Nunes acertam que vice será do PL, mas adiam anúncio de Mello Araújo

Dirigentes de partidos da coligação do prefeito se reuniram no Bandeirantes para discutir composição da chapa à reeleição do prefeito de São Paulo

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Foto do author Pedro Augusto Figueiredo
Foto do author Samuel Lima
Atualização:

O jantar organizado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para tentar concretizar a indicação do ex-coronel das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Ricardo de Mello Araújo como vice do prefeito Ricardo Nunes (MDB) terminou sem que seu nome fosse cravado. Mello Araújo é o nome desejado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e também tem o aval do governador.

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Segundo um interlocutor que participou da reunião, falta apenas ajustar “um ponteiro ou outro” para que o coronel seja anunciado como vice, o que está previsto para ocorrer até sexta-feira. O governador conversará com Bolsonaro nesta quinta-feira, 20, provavelmente por videoconferência, para acertar os detalhes finais.

A cautela sobre o anúncio é atribuída por essa fonte ao fato de ser uma frente ampla de 12 partidos. Ao menos uma definição, contudo, foi oficializada no jantar: todos os partidos que estão no arco de aliança de Nunes concordaram que o vice na chapa será um nome do PL.

“É super difícil e a gente está conseguindo isso (um consenso). Tem uma convergência de 12 partidos em torno de uma direção. Essa direção está dada. O PL é o maior partido, vai indicar o vice. Isso é uma coisa superinteressante, porque está todo mundo abrindo mão de espaço, de ambição, em prol desse projeto e, assim, alguns detalhes só para a gente anunciar nos próximos dias”, disse o governador.

Tarcísio e Nunes disseram que os partidos não apresentaram objeções aos nomes colocados pelo PL, como o coronel, as vereadoras Rute Costa e Sonaira Fernandes, e a ex-deputada Zulaiê Cobra.

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“O nome do coronel também, zero objeção da nossa parte, da parte dos partidos. Eu acho que é mais uma ou duas conversas para fazer o ajuste fino e a gente anunciar ainda provavelmente nessa semana o nome do vice”, completou Tarcísio.

Nunes também confirmou que a indicação será do PL. “Cada partido comentou, ninguém tem objeção (aos nomes citados) e tirou-se o consenso de que a indicação será do PL. Agora, há algumas questões para analisar e a gente deve anunciar até sexta-feira o nome definitivo”, afirmou o prefeito.

Tarcísio, que comemora aniversário nesta quarta-feira, 19, convidou os presidentes dos 12 partidos que apoiam Nunes para a reunião no Palácio dos Bandeirantes. Entre esses 12 está o União Brasil, que oficialmente ainda não se juntou ao grupo. No encontro, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, que pleiteava a vaga de vice, falou, por telefone, com Tarcísio, assim como o presidente nacional Antônio Rueda, e ambos aceitaram que o indicado fosse do PL.

Com salgadinhos nas mãos, Tarcísio de Freitas, Baleia Rossi e Ricardo Nunes dão entrevista após jantar no Palácio dos Bandeirantes Foto: Pedro Augusto Figueiredo/Estadão

O governador tem cobrado que o vice seja definido rapidamente para que a pré-campanha passe a debater o plano de governo e propostas para a capital paulista em meio à ameaça representada pela pré-candidatura de Pablo Marçal (PRTB).

Porém, após 3 horas de reunião, o martelo não foi totalmente batido. Apesar do aval de siglas importantes como PL, PSD, PP, Republicanos e Podemos, o União Brasil e o Solidariedade ainda apresentavam resistências à indicação de Mello Araújo.

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A resistência mais forte ao coronel seria no União Brasil. Milton Leite, um dos nomes mais influentes da política paulistana, afirmou ao Estadão na terça-feira que o vice deveria ser evangélico porque o prefeito é católico. Ele citou como opções dois vereadores do PL: Rute Costa e Gilberto Nascimento Jr.

O Solidariedade também considera que Mello Araújo não seria o vice ideal. Uma ala do PP também era contra o coronel, mas foi desautorizada pelo presidente do partido, Ciro Nogueira, e passou a aceitar a indicação.

A avaliação no entorno de Nunes é que Tarcísio, pupilo de Bolsonaro, busca ajudar o prefeito ao chamar para si a responsabilidade pela articulação para emplacar o coronel como vice, ao mesmo tempo em que atua para que o desejo do ex-presidente se concretize.

O governador, que completou 49 anos, organizou o jantar e entrou em contato com os dirigentes partidários. Entre os convidados estavam Valdemar Costa Neto (PL), Marcos Pereira (Republicanos), Renata Abreu (Podemos), Paulinho da Força (Solidariedade), Ciro Nogueira (PP) e Gilberto Kassab (PSD) e Baleia Rossi (MDB), todos eles presidentes nacionais de seus respectivos partidos.

A imprensa não foi autorizada a entrar no Palácio dos Bandeirantes, nem mesmo no estacionamento. Ao final, o governador e o prefeito trouxeram bolo e salgadinhos para os repórteres que aguardavam a entrevista.

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Tarcísio, inicialmente, preferia que a vereadora Sonaira Fernandes (PL) fosse a vice, mas mudou de postura recentemente e passou a endossar o nome apresentado por Bolsonaro. O entorno de Nunes também não via Mello Araújo com bons olhos por considerá-lo um extremista pouco conhecido que poderia dificultar a obtenção de votos no centro.

O cenário mudou com a entrada de Marçal na disputa. A chegada do coach aumentou a pressão para Nunes aceitar a indicação de Bolsonaro. Diante do desempenho do pré-candidato do PRTB nas pesquisas, a avaliação entre aliados do prefeito passou a ser que era importante garantir o apoio do ex-presidente para evitar a migração de votos dos eleitores bolsonaristas para o coach.

Pesquisa Atlas/CNN divulgada nesta quarta-feira aponta que Guilherme Boulos lidera com 35,7%, seguido de Nunes com 23,4% e Marçal com 12,6%.

Nunes participou do jantar acompanhado do ex-governador Rodrigo Garcia, coordenador do plano de governo, Bolsonaro não compareceu porque não pode manter contato com Valdemar devido a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em meio a investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.

A bancada do PL na Câmara Municipal divulgou nesta quarta que estaria aberta a discutir outros nomes, como Sonaira, Rute e a delegada Raquel Gallinati (PL). “Apesar de não ter nada contra a indicação do presidente Jair Bolsonaro, o coronel Mello, estamos abertos ao diálogo com os partidos que compõem a base para abordarmos outras sugestões”, diz o texto.

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Segundo fontes próximas ao prefeito, o único outro nome realmente cogitado para ser vice foi o do secretário de Relações Internacionais, Aldo Rebelo (MDB), mas a articulação naufragou depois que ele se recusou a ir para o Republicanos dentro do prazo de filiação partidária para concorrer em outubro.