Após novas ações do MST, CNA pede urgência ao Supremo em liminar que quer barrar invasões

Série de atos do movimento gera reação do setor produtivo; para presidente do Ibá, sociedade não tolera mais esse ‘tipo de atitude’

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Foto do author Isadora Duarte
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SOROCABA E SÃO PAULO – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) disse nesta terça-feira, 18, que as novas ações do Movimento dos Sem Terra (MST) reforçam a urgência do pedido de liminar protocolado no último dia 12, no Supremo Tribunal Federal (STF), para impedir invasões de propriedades em todo o País. Conforme o diretor-jurídico Rudy Ferraz, invasão é crime e viola o direito de propriedade. “Nossa expectativa é de que o STF analise a medida cautelar para que possamos restabelecer o estado democrático de direito.” A entidade do agronegócio reúne federações de agricultores e pecuaristas de todo o País.

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Desde o início da semana, no chamado “Abril Vermelho”, o movimento realizou atos em 18 Estados, entre eles invasões e protestos em sedes regionais do Incra em 11 Estados e no Distrito Federal. Na segunda, integrantes do movimento voltaram a invadir fazendas produtivas da Suzano, desta vez em Aracruz, no Espírito Santo. No dia anterior, o alvo foi uma área de pesquisas da Embrapa Semiárido, órgão federal, em Petrolina (PE). As invasões geraram novas reações do setor produtivo e foram repudiadas também no próprio governo.

O movimento também reivindica nas chefias estaduais do Incra “pessoas comprometidas com a reforma agrária”. Como mostrou o Estadão, o governo federal cedeu à pressão do MST e nomeou sete novos superintendentes regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Dos sete nomeados, cinco são indicações do MST.

MST invade terras da Suzano no Espírito Santo Foto: Reprodução/MST

Para o presidente executivo da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Paulo Hartung, as ações recentes do MST mostram que “vive-se um paradoxo no Brasil”: apesar de o País ter “um agro dinâmico, globalmente competitivo e relevante”, de aproximadamente “5 milhões de propriedades rurais existentes no Brasil, 3,2 milhões estão completamente fora do jogo do agro moderno, com baixa produtividade”.

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“Cerca de um milhão de propriedades são assentamentos, em que boa parte também não está inclusa em uma atividade agrícola moderna e tecnológica. Esta é a prioridade do Brasil: levar para essas propriedades assistência técnica, tecnologia, crédito para custeio e investimento, acesso a mercados e insumos adequados. É preciso colocá-los no jogo. Ao dinamizar estas propriedades, o País impulsionará a produção e, consequentemente, combaterá a pobreza”, disse Hartung. “É visível que este movimento social perdeu tração nos últimos anos. A sociedade mudou muito nas últimas duas décadas e já não tolera mais este tipo de atitude.”

A Ibá representa o setor de base florestal para fins industriais, com atuação em mais de mil municípios brasileiros. O ex-governador do Espírito Santo, onde o movimento invadiu áreas da Suzano, afirmou que as ações do MST “afrontam a democracia e afugentam investimentos no País”. “Não podemos seguir na contramão agora, desrespeitando a lei. Isso também gera insegurança jurídica.”

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, classificou as ações como criminosas. “Inaceitável! Sempre defendi que trabalhador vocacionado tenha direito à terra. Mas a terra que lhe é de direito”, escreveu em sua conta oficial no Twitter.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar afirmou que o titular Paulo Teixeira voltou a se reunir na terça-feira com líderes sem-terra e “solicitou a desocupação das áreas para a manutenção do diálogo entre movimentos sociais e governo”. A pasta disse que age para a retomada do programa de reforma agrária.

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No pedido de liminar enviado ao STF, a CNA pede ainda que seja determinado às polícias civil e militar dos Estados as prisões imediatas dos participantes desses grupos que forem flagrados em atos de invasões de terras, bem como a retirada dos invasores, sob pena de responsabilização pessoal da autoridade pública. Além disso, pede que seja determinado a governadores de Estado e secretários de Segurança Pública que identifiquem e processem os financiadores de atos de invasão e, caso seja dada a liminar, acionem as forças policiais após receber a ocorrência, independentemente de decisão judicial individual em processos de reintegração de posse. O pedido de liminar será apreciado pelo ministro Nunes Marques.

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