Formado em Administração de Empresas, Vinicius Poit, de 36 anos, seguiu à risca durante a disputa pelo governo de São Paulo todas as bandeiras do Novo: propôs reduzir a carga tributária no Estado, apoiar o empreendedorismo, ampliar concessões de estatais – incluindo da Sabesp – e até mesmo implementar um sistema público-privado para a administração penitenciária.
No âmbito nacional, o discurso também foi detalhadamente alinhado às orientações do partido ao criticar a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), em quem diz ter votado em 2018. Na campanha, buscou, ainda, alavancar Felipe d’Avila (Novo), cuja candidatura, segundo ele, convém para “agregar no cenário de discussão nacional”.
Eleições no Estadão
Ao Estadão, Poit se descreveu como “mais do que um político de direita, um homem direito, humano e civilizado”. O candidato reafirmou um dos mantras da sua campanha de que, se eleito, dará liberdade para o cidadão “trabalhar em paz” e diminuirá os gastos do Estado para torná-lo mais eficiente.
“Entrei na política para combater a corrupção, cortar os privilégios dos políticos e focar na geração de emprego e renda para as pessoas. Meu sonho é ver um governo oferecendo mais oportunidades para que as pessoas prosperem em suas vidas”, disse.
Deputado federal em primeiro mandato, eleito em 2018, é sócio-diretor de uma consultoria de investimentos e cofundador de um site de recrutamento. Escolhido como candidato ao governo após passar pelo habitual processo seletivo do Novo, Poit se orgulha por não usar verba do Fundo Partidário na campanha.
Segundo o site de divulgação de contas da Justiça Eleitoral, 22% dos recursos vêm de financiamento coletivo (R$ 273 mil). O restante é proveniente de doações do próprio Novo (R$ 714 mil) e de pessoas físicas (R$ 286 mil).
Pesquisas de intenção de voto dão a Poit 1%, empatado com candidatos de menor projeção e que nem sequer participaram de debates, como Carol Vigliar (UP) e Edson Dorta (PCO). Nos encontros e sabatinas dos quais participou, Poit teve desempenho insuficiente para ajudá-lo a decolar nas pesquisas. Se, em 2018, o discurso antipolítica e antissistema teve forte apelo no eleitorado, desta vez não surtiu o efeito esperado.
‘Terceira via’
Poit se define como a “terceira via” de São Paulo, contra os “populismos de esquerda e de direita”, representados, segundo ele, em Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), respectivamente. A estratégia é semelhante à do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que também enfrenta dificuldades para furar a polarização nacional.
Na Câmara, Poit se notabilizou por ser o relator do Marco Legal das Startups, instrumento que deu segurança jurídica e desburocratizou o desenvolvimento de negócios inovadores no País. Se eleito, o candidato quer aprovar lei semelhante no Estado e estabelecer outros marcos regulatórios para favorecer investimentos em infraestrutura e logística.
Na sabatina promovida pelo Estadão em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Poit afirmou que a desestatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) estará entre as prioridades, se eleito. No mesmo evento, questionado sobre a educação, Poit disse ser favorável à cobrança de mensalidade em universidades estaduais. “Quem paga a universidade pública? O ICMS, imposto sobre o consumo que incide sobre o pobre. Vamos sentar com as universidade e decidir qual é o critério de renda justo, para quem tiver condição de pagar pagar a universidade”, afirmou.
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