Weintraub diz que Bolsonaro ameaçou derrubá-lo do Banco Mundial caso disputasse governo de SP

Abraham Weintraub reclamou em live de ataques de bolsonaristas nas redes sociais após críticas a Jair Bolsonaro

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Foto do author Davi Medeiros

O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub reclamou ter virado alvo de ofensas e ameaças de pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), seu antigo aliado. Em live transmitida neste domingo, 24, ele relatou que apoiadores do governo “subiram o tom”, passaram a chamar seu pai de “maconheiro” e sua mãe, de “prostituta”. As investidas, segundo ele, vêm “lá do topo, do centro, de pessoas de dentro do Palácio, inclusive”. Apesar disso, o ex-titular do MEC afirmou que ainda pretende votar no chefe do Executivo em outubro. 

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Weintraub atribuiu as ofensas que diz receber a integrantes do Centrão, bloco político que, segundo ele, “sequestrou” o presidente Bolsonaro e “corrompeu a alma” do governo. Ele afirmou que vinha evitando falar sobre o assunto para não prejudicar as chances de reeleição do chefe do Planalto. “A gente (Abraham e seu irmão, Arthur) foi atacado, cassado, caluniado e até ameaçado”, disse. 

Uma das ameaças que ele diz ter recebido foi de ser demitido do Banco Mundial, onde era diretor-executivo, por manifestar interesse em ser governador de São Paulo, projeto que rivaliza com a intenção do Planalto de eleger Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o Palácio dos Bandeirantes.

Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, diz receber ofensas de pessoas próximas do presidente Bolsonaro. Foto:Marcelo Camargo / Agência Brasil 

Arthur afirmou que o presidente fez um telefonema em novembro de 2021 e disse que, se Abraham continuasse "com essa história de ser governador", perderia o cargo no banco e poderia ser preso. "Se continuar essa história de governador, vocês perdem isso aí. Ele virou e falou: 'vocês podem ficar aí por vários anos, mas vocês têm que sumir, desaparecer da internet, parar de falar. Não pisem mais no Brasil. Se vocês pisarem no brasil, seu irmão pode ser preso e ficar preso igual o Nelson Mandela'", relatou.

O presidente teria feito outra ligação em dezembro, dessa vez mais tranquilo. "Eu estou vendo que vocês querem vir para o Brasil. Não venham porque vocês estão ganhando em dolar", teria dito o chefe do Executivo. A ameaça de demissão, segundo Abraham, teria ocorrido na véspera de Natal. Depois, ao saber que o ex-ministro havia ficado decepcionado, o presidente teria tripudiado: "Ficou magoadinho, é?". 

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Recentemente, o deputado Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP) xingou a mãe de Abraham e Arthur após eles criticarem o indulto concedido pelo chefe do Planalto ao deputado Daniel Silveira, condenado a oito anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “São uns filhos de uma p.! Desculpa, mas não tem outra palavra”, disse o parlamentar. Em resposta, o ex-ministro afirmou que sua mãe era uma “mulher honesta”.

Abraham voltou a fazer críticas à proximidade do governo com partidos do Centrão. Segundo ele, o bloco trabalha para entregar setores estratégicos do País à China e à Rússia. Ele criticou o presidente Bolsonaro por ter “desistido de lutar contra o sistema” e cedido a pressões políticas. 

“A única coisa que agora eu falo abertamente é que a gente vai votar no presidente simplesmente por falta de alternativa, porque hoje ele virou um personagem, uma peça na engrenagem do teatro das tesouras”, afirmou. 

As declarações recentes são mais um episódio dos atritos entre os irmãos Weintraub e o governo. Em outras ocasiões, o ex-ministro já fez críticas à condução do Executivo após a sua saída. Contudo, ele evita atacar diretamente o presidente Bolsonaro. Em vez disso, narra o mandatário como vítima e diz que ele ficou “vulnerável” devido à nomeação de “pessoas erradas” para cargos de importância no governo. 

Abraham também mencionou os escândalos recentes no Ministério da Educação, revelados pelo Estadão. Ele afirmou que não houve roubo em sua gestão da pasta, mas que, após sua saída, é preciso ver a quantidade de “enrosco e caroço” que há no órgão. Ele foi indicado para a direção do Banco Mundial, em Washington, quando saiu da pasta, mas deixou o cargo este ano para viabilizar uma candidatura em São Paulo. 

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