As agendas de Estado para o próximo presidente; leia análise

É preciso corrigir a rota que nos tem afastado dos compromissos assumidos no Acordo de Paris, que visa evitar que a temperatura global suba

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Por Marina Grossi*
Atualização:

Os brasileiros estão prestes a escolher, como ocorre desde a redemocratização, seu representante para governar o país nos próximos quatro anos. Seja qual for o vencedor, é preciso ter em mente o papel do Brasil em um cenário global conturbado do ponto de vista econômico e social e os rumos que se pretende trilhar para resolver as três graves crises que assolam a humanidade. A emergência climática, a perda da biodiversidade e a desigualdade social devem ser agendas de Estado, não de governo, e vão exigir esforços globais e inovação.

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O próximo presidente brasileiro vai se deparar com um mundo ainda impactado pela pandemia e à beira de uma recessão global, motivada por choques de oferta, insegurança energética e alimentar e pressões inflacionárias derivadas da guerra Rússia-Ucrânia. Dentro de casa, deverá enfrentar questões fiscais e fazer com que a economia volte a crescer com base num modelo sustentável, gerando inclusão e prosperidade - especialmente aos 33 milhões de brasileiros em situação de fome.

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) entende que, a despeito da conjuntura e do abalo global em curso, o mundo continuará caminhando na direção da economia de baixo carbono. O Brasil tem todas as condições de ser líder nesse processo, desde que faça as escolhas certas agora e retome o protagonismo que acumulou nas últimas décadas, e assim influenciar avanços nas conferências da ONU - começando agora, com as COPs de clima, em novembro, e de biodiversidade, em dezembro.

É preciso corrigir a rota que nos tem afastado dos compromissos assumidos no Acordo de Paris, que visa evitar que a temperatura global suba além de 1,5ºC até o final do século. O próximo governo terá de ter a mão firme para combater o desmatamento ilegal, responsável por boa parte das nossas emissões e que tem causado insegurança jurídica e afastado investidores. A perda de florestas segue elevada - só entre abril e setembro, mais de 7,6 mil km² de Amazônia foram desmatados. Sem frear a perda da biodiversidade, o país não vai reduzir suas emissões (44% delas vêm do desmatamento e mudanças no uso da terra) nem colher os frutos de uma economia baseada no uso sustentável dos recursos naturais, utilizando assim nosso grande ativo ambiental para trazer prosperidade.

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É preciso acelerar o passo: os próximos anos até 2030 serão fundamentais para alicerçar as transformações e nos colocar como protagonistas desta agenda novamente.

*É presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), entidade com 102 empresas associadas cujo faturamento somado equivale a quase 50% do PIB brasileiro

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