BRASÍLIA – Um debate sobre os ataques do Hamas contra Israel quase terminou com agressões físicas entre deputados da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). A sessão, que analisava uma moção de repúdio da Casa contra as ações do grupo terrorista, foi interrompida por uma briga entre Amauri Ribeiro (União Brasil) e Marco Rubem (PT) nesta terça-feira, 10. O parlamentar do União Brasil, autor do requerimento de moção de repúdio, precisou ser contido por seguranças no plenário.
Na discussão sobre o requerimento, Amauri Ribeiro disse que a deputada Eusébia de Lima (PT-GO) era uma “hipócrita”, “cara de pau” e “malandra”, e afirmou que membros do Partido dos Trabalhadores não tinham coragem de chamar o Hamas de terroristas.
Marco Rubem defendeu a colega e afirmou que Ribeiro “não dava conta de sustentar um debate” sobre o conflito no Oriente Médio. “Não é bom a gente baixar o nível. Esse é o seu palco, você quer levar para isso. Não dá conta de sustentar o debate aqui e quer chamar para a porrada. Acha que todo mundo aqui é a filha dele que pode apanhar. Nem a filha dele deveria apanhar”, disse.
Amauri Ribeiro tentou ir até o púlpito, onde estava o petista, mas foi impedido por seguranças da Assembleia. Enquanto era segurado, Amauri chamou Marco Rubem de “safado” e “apoiador de terrorista”. O presidente da Casa, Bruno Peixoto (União Brasil) decidiu encerrar a sessão, sem terminar de votar a moção contra o Hamas. Veja o vídeo
Presidente da Assembleia diz que vai agir para manter a ordem
Na sessão da Alego desta quarta-feira, 11, Peixoto disse que solicitou apurações da Corregedoria da Casa sobre o tumulto entre os dois deputados e afirmou que não aceitará o uso da tribuna do Legislativo goiano para agressões físicas e verbais.
“Esta presidência agirá com veemência para manter a ordem. Não podemos aceitar que deputados e deputadas utilizem a tribuna para agredir seus pares, seja com palavras ou fisicamente. Nós vamos agir com todo vigor, conforme o Código de Ética”, afirmou.
Segundo a Alego, caso sejam identificadas quebras de decoro parlamentar por parte de Amauri Ribeiro e Marco Rubem, será instaurado um procedimento disciplinar no Conselho de Ética da Casa.
O Estadão procurou os deputados envolvidos no tumulto, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Petistas são criticados por não classificar Hamas como grupo terrorista
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é criticado pela oposição por não reconhecer oficialmente o Hamas como uma organização terrorista. Em 2021, dez deputados do Partido dos Trabalhadores divulgaram uma nota se posicionando de forma contrária a essa classificação.
No início da tarde do sábado, 7, dia em que o Hamas atacou de surpresa civis israelenses, Lula se pronunciou no X (antigo Twitter) e disse que ficou “chocado com os ataques terroristas”, sem citar o grupo terrorista. O presidente prestou condolências aos familiares das vítimas e afirmou que repudia o terrorismo “em qualquer das suas formas” e sugeriu que sejam feitas negociações para que um Estado palestino conviva pacificamente com Israel “dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”.
Nesta quarta-feira, um grupo de 61 deputados federais apresentou uma indicação à Câmara, para requerer que o Ministério das Relações Exteriores classifique o Hamas como “organização terrorista”. O objetivo é que a Casa formalize um pedido para o Itamaraty. O documento faz parte da pressão da oposição, que já se reuniu com o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, como mostrou a Coluna do Estadão.
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