Indícios de falsificação do laudo divulgado por Pablo Marçal (PRTB), que acusa Guilherme Boulos (PSOL) de consumo de drogas, surgiram logo após sua publicação na noite desta sexta-feira, 4. O Estadão teve acesso à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e a uma procuração do médico que supostamente assinou o receituário divulgado por Marçal, constatando que a assinatura presente no documento é diferente da que aparece nesses documentos oficiais.
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A diferença na assinatura é apenas uma das várias inconsistências no laudo publicado por Marçal. Neste sábado, 6, a Justiça Eleitoral identificou indícios de falsificação no documento divulgado pelo influenciador e determinou que todos os perfis que publicaram o documento o removam. O laudo com indícios de falsificação está assinado pelo médico José Roberto de Souza (CRM 17064-SP), falecido em 2022.
A reportagem teve acesso a processos de José Roberto de Souza no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e obteve documentos oficiais assinados pelo médico em 2019, dois anos antes de ele ter supostamente atendido Guilherme Boulos em uma clínica popular no bairro do Jabaquara, na zona sul. Ao comparar as assinaturas dos documentos oficiais, é possível identificar que elas diferem da assinatura presente no laudo divulgado por Pablo Marçal.
Os documentos usados pelo Estadão para comparar as assinaturas foram a CNH do médico e uma procuração assinada por ele em um processo contra a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Em 2019, Souza, então com 79 anos e portador de Hemoglobinúria Paroxística Noturna (HPN), uma doença rara do sangue, entrou com um pedido de mandado de segurança exigindo que o Estado fornecesse o medicamento Eculizumabe Soliris, necessário para controlar sua condição e evitar complicações graves.
O laudo divulgado por Marçal apresenta outros indícios de falsificação. O RG de Boulos no documento está incorreto, com um dígito a mais. Além disso, Luiz Teixeira da Silva Junior, sócio da clínica onde o candidato do PSOL teria sido atendido, é próximo de Marçal e já fez ao menos três posts ao lado do influenciador nas redes sociais. Teixeira foi condenado a dois anos e quatro meses de prisão por falsificar documentos, incluindo um diploma de medicina.
No dia mencionado no prontuário, 19 de janeiro de 2021, Boulos fez uma transmissão ao vivo sobre vacinas e, no dia seguinte, participou de uma ação do MTST na comunidade do Vietnã, zona sul de São Paulo. Além disso, uma ex-funcionária do médico citado no laudo afirmou ao O Globo que a assinatura é falsa, enviando um certificado para comprovar a diferença em relação ao documento divulgado por Marçal. A assinatura no certificado obtido pelo jornal é idêntica à da CNH e da procuração assinada pelo médico em 2019, às quais o Estadão teve acesso.
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