O ataque do deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) contra a jornalista Vera Magalhães no debate para governador realizado na noite de terça-feira, 13, soma-se a uma lista de polêmicas envolvendo o parlamentar bolsonarista. Na terça-feira, Douglas abordou a jornalista de forma truculenta e afirmou que ela era “uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, repetindo fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) dita durante debate presidencial na Band TV, em dia 28 de agosto.
O deputado precisou ser contido por seguranças enquanto questionava Vera Magalhães, com um celular na mão, se ela recebia dinheiro para falar mal do governo Bolsonaro. Em seguida, reproduziu uma falsa notícia sobre a remuneração dela na TV Cultura..
Antes de ser eleito deputado estadual, Douglas Garcia era ativista político e líder do grupo conhecido como “Direita São Paulo”. Em 2018, ele foi um dos responsáveis pela criação do bloco de carnaval conhecido como “Porão do DOPS”. O Ministério Público de SP barrou a realização do desfile carnavalesco, alegando que ele enaltecia a tortura.
Um ano antes, Garcia já havia agradecido o apoio do “Carecas do ABC”, grupo paulista de extrema-direita, em um protesto contra a filósofa Judith Butler.
Na Assembleia Legislativa de São Paulo, foram abertos sete processos contra o parlamentar. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em abril de 2019, quando o deputado afirmou que, caso encontrasse uma transexual usando o mesmo banheiro que sua mãe ou sua irmã, a tiraria a tapa do local. Garcia foi advertido pelo Conselho de Ética da Alesp após suas declarações transfóbicas.
A deputada estadual Isa Penna (PCdoB) protocolou nesta quarta-feira, 14, no Conselho de Ética da Alesp pedido de cassação do deputado por quebra de decoro parlamentar, em razão do ataque verbal à jornalista Vera Magalhães.
O parlamentar também vazou dados pessoais de opositores políticos. Em 2020, Garcia reuniu informações pessoais de cerca de mil pessoas que eram contra o governo Bolsonaro. O documento ficou conhecido como “dossiê contra antifascistas”. Garcia foi condenado em 2021 a indenizar pessoas que tiveram seus dados compartilhados.
O deputado é alvo de inquérito do STF por ataques digitais e notícias falsas sobre a corte. Ainda em 2020, Garcia foi expulso de seu antigo partido, o PSL, “por práticas que afrontam o estatuto do partido” ao se posicionar contra o STF e seus ministros.
Douglas também se posicionou contra o lockdown paulista durante a pandemia do coronavírus.
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