O ato na Avenida Paulista convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo, 25, reuniu três pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. O prefeito Ricardo Nunes (MDB), que deve ter o ex-chefe do Executivo em seu palanque à reeleição, a economista Marina Helena (Novo) e o ex-candidato à Presidência Padre Kelmon estiveram no evento. Eles se juntaram a outros bolsonaristas para uma defesa do ex-mandatário diante das investigações sobre a articulação de um golpe de Estado.
Nunes não só compareceu ao ato como se encontrou Bolsonaro horas antes da manifestação com afagos e cumprimentos. O prefeito, ao confirmar no último dia 16 que participaria do ato, afirmou ter “gratidão” ao ex-presidente. “(Bolsonaro) Deve me apoiar, portanto, evidentemente, eu preciso ser solidário e parceiro”, disse. Neste domingo, ele não discursou e teve presença discreta no trio elétrico.
A participação de Ricardo Nunes no ato esteve na pauta do MDB desde que Bolsonaro convocou a manifestação. Interlocutores do partido ouvidos pelo Estadão avaliavam que, comparecendo à passeata, Nunes nacionalizaria a eleição paulistana em 2024, desvirtuando o debate sobre as realizações locais e impondo uma pauta polarizadora entre Bolsonaro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Esse segundo ponto vai na contramão do discurso que a pré-campanha de Nunes tem adotado, conclamando o mandatário paulistano como uma opção moderada ante as demais que estão no páreo, como o deputado federal Guilherme Boulos, pré-candidato pelo PSOL.
Até mesmo os interlocutores contrários à presença de Nunes no ato, contudo, reconheciam que a decisão final cabia a ele, e o prefeito de São Paulo se mostrou interessado em marcar presença no ato desde o chamado público de Jair Bolsonaro. Como mostrou a Coluna do Estadão, Nunes chegou a receber do ex-presidente um “salvo-conduto” para não comparecer ao protesto, mas quis retribuir o apoio que vem obtendo da base bolsonarista.
Tanto em público quanto na articulação de bastidores, Ricardo Nunes tem despontado como o pré-candidato preferencial dos adeptos de Jair Bolsonaro na capital paulista.
Anunciada pelo Novo como pré-candidata a prefeita de São Paulo em outubro de 2023, Marina Helena esteve no ato pró-Bolsonaro neste domingo ao lado de outros integrantes do partido, como o deputado Marcel van Hattem (RS), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e o ex-deputado Deltan Dallagnol (PR).
Os quatro tiraram uma selfie juntos no trio elétrico de onde Bolsonaro e outros aliados discursaram. “Não se vencem guerras com retiradas. A direita precisa estar unida”, disse Marina Helena no X (antigo Twitter).
Com a presença na Paulista, Marina Helena reafirma apoio a Bolsonaro e tenta mostrar ao eleitorado sua ligação com o ex-presidente. Durante a gestão dele, a pré-candidata à Prefeitura foi diretora da Secretaria Especial de Desestatização, órgão do Ministério da Economia, então comandado por Paulo Guedes. Também foi diretora do think tank Instituto Millenium. Em 2022, saiu da gestão do instituto para ser candidata ao cargo de deputado federal, mas não foi eleita.
Padre Kelmon já havia anunciado sua presença no ato pelas redes sociais. “Todos temos o direito de nos manifestar”, disse o ex-presidenciável no X no sábado, 24, em publicação que anunciava seu comparecimento à manifestação.
Kelmon é presidente da organização Foro do Brasil, grupo fundado em meados de 2023 e considerado por seus integrantes como a alternativa à direita do Foro de São Paulo. Na eleição presidencial de 2022, Kelmon tumultuou debates entre os presidenciáveis e atacou especialmente adversários de Bolsonaro.
Apesar de se afirmar como pré-candidato na capital paulista pelo PRD, a pré-campanha do pároco passa por um impasse. A sigla reagiu à declaração de Kelmon se propondo como pré-candidato. Os dirigentes afirmaram que não foram consultados sobre os planos do ex-presidenciável. Kelmon rebateu, garantindo que “partido não faltará” para abrigar seus planos nas urnas.
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