BRASÍLIA – Um auditor da Receita Federal com papel decisivo na anulação da tentativa do governo de Jair Bolsonaro (PL) de reaver joias trazidas ilegalmente ao País é um servidor público que ficou conhecido em um programa da TV que mostra o cotidiano da fiscalização no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Delegado-adjunto e substituto da Alfândega, Mario de Marco Rodrigues de Souza aparece em “Aeroportos: Área Restrita”, série do canal Discovery+ que faz sucesso nas redes sociais. O programa mostra operações da Polícia Federal e da Receita que flagram tráfico de drogas e contrabando nas bagagens.
A partir da visão dos servidores, a série exibe as abordagens e as reações dos passageiros que embarcam e desembarcam em Guarulhos e são submetidos às fiscalizações.
“Trabalhamos muito com inteligência. A gente pesquisa os passageiros que estão embarcando, desembarcando, pesquiso histórico, pesquiso os voos”, diz, em um dos episódios.
O então secretário da Receita Federal, Júlio Cesar Vieira Gomes, solicitou pessoalmente ao delegado que liberasse as joias apreendidas. De Marco, como é conhecido, se recusou a liberá-las. Vieira Gomes entrou no lugar de José Tostes, que também barrou tentativas de recuperar as joias de maneira indevida e acabou retirado da função.
Como mostrou o Estadão, governo Jair Bolsonaro (PL) tentou trazer ilegalmente para o País colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em € 3 milhões, o equivalente a R$ 16,5 milhões.
As joias eram um presente do regime saudita para o então presidente e a primeira-dama Michelle Bolsonaro e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos. O material estava na mochila de um militar, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que viajara ao Oriente Médio em outubro de 2021.
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