Augusto Aras cita suposta ‘sabotagem’ interna durante campanha de recondução à PGR

Procurador-geral da República abriu inquérito para apurar apagões em repartições do órgão, desaparecimento de documentos e instabilidade em serviços informacionais

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Foto do author Natália Santos
Atualização:

Em campanha para tentar se manter no cargo, em um terceiro mandato consecutivo de procurador-geral da República, Augusto Aras afirmou nesta sexta-feira, 21, que tem sofrido com “sabotagens” no fim da gestão e que membros opositores a ele no Ministério Público Federal têm tentado “apagar” os avanços da sua administração. O procurador informou que abriu uma investigação para apurar as suspeitas de boicote.

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“Há uma evidente sabotagem. Tentam apagar todos os registros da nossa administração. As críticas em tempos de sucessão na PGR são comuns, mas estou sendo sabotado há cerca de 60 dias. Todo dia há problemas novos que ninguém sabe quem criou”, afirmou em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico (Conjur).

Entre os tipos de sabotagens, o procurador-geral pontuou apagões em repartições específicas do órgão durante reuniões consideradas importantes, instabilidades em serviços de informação e releases publicados no site da PGR. Segundo a reportagem, pessoas próximas a Aras também notaram desaparecimento de processos e que arquivos somem e voltam a aparecer em sistemas internos do MPF.

Aras informou que abriu uma investigação para apurar as suspeitas de boicote Foto: Adriano Machado/Reuters

Um dos episódios foi ocorreu em 28 de junho durante um encontro entre procuradores, diretores do Banco Central e representantes de fintechs e do mercado financeiro. Foi descrito que a energia da sala em que estavam reunidos caiu.

Aras rebateu críticas de que haveria uma “crise” do MPF durante sua gestão, uma vez que 16 procuradores foram exonerados. “Mas oito deles assumiram vagas destinadas ao MPF em Tribunais Regionais Federais. Pergunte a eles se alguém está se queixando”, disse. “(Outros) Seis queriam voltar das aposentadorias, sendo que reprovamos o retorno de um deles. Não há crise. Quem saiu, não saiu porque não gosta do MPF.”

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Como mostrou o Estadão, Aras tem virado alvo de críticas cada vez mais duras dos setores que não concordam com sua recondução ao cargo, principalmente por sua inércia diante de denúncias contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e na suposta omissão durante a pandemia de covid-19. O apoio a ele dentro do PT conta com nomes de seus conterrâneos: o ex-governador da Bahia e ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não descarta a permanência de Aras, porém integrantes do governo e do MPF dizem que o petista ainda não está preocupado com essa escolha no momento. O mandato de Aras termina em 26 de setembro.

Na tentativa de se manter no cargo, Ara tem semanalmente em seu canal no YouTube, desde o início de junho, uma série de vídeos intitulada “Principais resultados da gestão de Augusto Aras à frente do MPF”. A estratégia, entretanto, não tem obtido o resultado esperado ao conquistar a atenção do público, já que seus vídeos dificilmente passam de 100 visualizações.

Nesta sexta-feira, 21, procuradores-gerais rechaçaram ataques a Aras. Em nota conjunta, representantes dos Ministérios Públicos Militar, do Trabalho e do Distrito Federal e Territórios destacaram esforço empreendido “em prol da democracia”, conforme mostrou a Coluna do Estadão.

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