Bancada do PSD empareda Padilha por cargo e ameaça ministra: ‘se a gente dançar, ela dança também’

Deputada Laura Carneiro falou com ministro da articulação política no Planalto ameaçando derrubar a ministra da Saúde, Nísia Trindade; PSD quer cargos na Funasa

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BRASÍLIA - A bancada do PSD na Câmara emparedou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela articulação do governo com o Congresso, para cobrar a entrega do comando da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) ao partido. A ação ocorreu em meio à possibilidade de a instituição ser entregue ao Republicanos.

Na conversa com Padilha, a bancada também ameaçou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, sob alegação de que ela demora na liberação de recursos para o Rio de Janeiro. O episódio aconteceu após cerimônia de lançamento da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, nesta terça-feira, 26, no Palácio do Planalto.

Bancada do PSD empareda Padilha em encontro do Planalto Foto: Sofia Aguiar / Estadão

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Após o evento, o ministro foi em direção ao elevador, mas foi parado pela bancada do partido para tratar sobre as negociações. Dentre os parlamentares, estavam o líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA), e os deputados Pedro Paulo (RJ) e Laura Carneiro (RJ).

Os parlamentares mostraram insatisfação em relação ao governo. Dentre as cobranças, estavam a presidência da Funasa, reivindicada pelo PSD, e a liberação de verbas para hospitais federais na cidade do Rio de Janeiro. O alvo da segunda crítica era a ministra da Saúde pela demora no envio dos recursos. Em áudio registrado pela rádio CBN, em um determinado momento da conversa, a deputada Laura Carneiro fala: “Se a gente dançar, a ministra [Nísia] vai dançar também”.

A irritação de parte da bancada aumentou após o grupo ver os repórteres registrando o acontecimento. Ao fim da conversa, Padilha disse que a situação foi um “baculejo” - gíria para as abordagens policiais nas ruas. O ministro foi procurado por jornalistas, mas evitou dar qualquer declaração sobre o assunto. De acordo com Brito, a conversa foi em público por praticidade e para evitar qualquer demora até os parlamentares subirem no gabinete.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia extinto a fundação no início do terceiro mandato. O governo recriou a Funasa em julho com o prazo de 30 dias. Ele foi prorrogado e, enfim, expirou em 15 de setembro. Até o momento, não foi dado nenhum aceno do governo em relação à direção da Funasa. Na semana passada, Lula estava nos Estados Unidos para participar da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), contudo, Padilha estava no Brasil. Um parlamentar ponderou, no entanto, que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não estava no País para fazer com que os acordos avançassem.

Durante as negociações da reforma ministerial, em agosto, o PSD levou uma “caravana” de cerca de 25 deputados ao gabinete do ministro das Relações Institucionais para pressionar pelo comando da Funasa, conforme mostrou o Broadcast Político. Desde a época, o partido mantém a indicação do ex-vice-governador do Ceará Domingos Filho, pai do deputado federal Domingos Neto (PSD-CE), para a presidência da Fundação.

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