Barroso diz que vai pautar descriminalização da maconha, mas que STF não julgará aborto

Presidente do Supremo Tribunal Federal disse que a discussão sobre a interrupção da gravidez ainda não está ‘madura’

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Foto do author Weslley Galzo

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, antecipou que o processo sobre a despenalização pela posse de maconha estará na pauta de julgamento da Corte no ano que vem. Por outro lado, a ação que trata da descriminalização do aborto ficará mais uma vez de fora do calendário de discussões dos ministros.

“Eu não pretendo pautar (a questão do aborto) em curto prazo. Vou pautar em algum momento, mas não pretendo pautar em curto prazo, porque acho que o debate não está amadurecido na sociedade brasileira e as pessoas ainda não têm a exata consciência do que é que está sendo discutido”, disse o ministro.

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Foto: Carlos Moura/STF

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Barroso sempre foi um defensor da descriminalização do aborto e era esperado que o tema fosse analisado durante a sua Presidência no STF. A antecessora do ministro no cargo, a ex-ministro Rosa Weber, chegou a pautar o tema no plenário e proferiu o seu voto, mas Barroso suspendeu o julgamento. A discussão foi iniciada num momento de conflagração política entre o Congresso e a Suprema Corte. Os parlamentares são contra a promoção de mudanças na lei atual.

O presidente do STF ainda afirmou que “ninguém acha que o aborto é uma coisa boa”, mas que a sociedade precisa compreender que a discussão está relacionada a penalizar as mulheres. “A criminalização prejudica imensamente as mulheres pobres”, disse Barroso.

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Já sobre a descriminalização da maconha, outro tema que gera na tensão no relacionamento do STF com o Congresso, Barroso disse que é um “debate público importante”. O magistrado ainda afirmou que a discussão deve ser feita pelos parlamentares. Segundo ele, o STF apenas discute a quantidade a ser estabelecida para diferenciar usuários de traficantes.

“Se o Supremo não definir isso, quem vai definir é o policial”, afirmou. “Eu sou do Rio de Janeiro. Na zona sul é consumo pessoal. Na zona norte é tráfico. Então você passa a ter uma discriminação geográfica, ou pior, um discriminação racial. Quando é branco é porte, quando é uma pessoa negra é criminalização”, prossegiu. “Nós vamos retomar essa discussão e aqui com o esclarecimento, de novo, ninguém está descriminalizando nada. Nós estamos estabelecendo uma distinção qualitativa”, finalizou.

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