Em entrevista ao New York Times, Barroso justifica atuação do STF

Reportagem do jornal americano questionou se o Supremo estava salvando ou ameaçando a democracia; presidente da Corte afirmou que ela age em defesa do regime democrático

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Foto do author Vinícius Novais

Após questionar o papel do Supremo Tribunal Federal (STF), o jornal americano The New York Times publicou uma entrevista em que o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, defende a atuação do Supremo. Segundo Barroso, a atuação do STF se pauta pela defesa da democracia.

Ao chefe da sucursal brasileira do jornal, Jack Nicas, Barroso disse que a postura mais presente da Suprema Corte se dá em razão das ameaças à democracia que o Brasil e o mundo enfrentam. O repórter questionou se o custo dessa defesa não seria a própria democracia, mas o magistrado argumentou que o contexto justifica as ações.

Barroso disse que STF faz "defesa vigorosa da democracia" Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

“Tivemos um desfile de tanques de guerra aqui em frente ao Supremo Tribunal para intimidar o tribunal. Tivemos um pedido do ex-presidente da República para que caças fizessem voos rasantes aqui sobre o Supremo Tribunal para quebrar as janelas. Enfrentamos um presidente que, no dia da independência do Brasil, atacou pessoalmente ministros do Supremo Tribunal e ameaçou não cumprir mais as decisões judiciais”, afirmou Barroso.

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O ministro alegou que a maioria das críticas vem de bolsonaristas. Segundo ele, Jair Bolsonaro apontou o STF como seu inimigo com ele obtendo 49% dos votos, seria surpreendente não haver “ressentimento” contra o tribunal.

Outro ponto abordado por Nicas foi a posição do STF em relação à derrubada de conteúdos e perfis nas redes sociais. O presidente do STF argumentou que a Constituição brasileira é muito diferente da americana e que o Brasil não tolera discursos que incitam a violência, como em algumas interpretações da primeira emenda da Carta dos EUA.

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Perguntado sobre o caso do bloqueio do X (antigo Twitter), Barroso afirmou que não foi um caso ideológico. “O que o X fez? Retirou seus representantes. Portanto, cometeu um ato ilegal e, assim, não pôde operar no Brasil”, disse o ministro.

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