Em uma amostra clara da estratégia que adotou na tentativa de chegar ao 2° turno, o governador Rodrigo Garcia, candidato do PSDB à reeleição, atacou reiteradas vezes o líder nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio dos Bandeirantes, Fernando Haddad (PT), e criticou apenas de forma lateral o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL), durante a sabatina Estadão/FAAP nesta segunda-feira, 22.
Apesar de ter adotado como mote de campanha que é contrário à “guerra ideológica” entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o bolsonarismo, o tucano incorporou o antipetismo em sua narrativa e deve intensificar essa postura nos próximos debates, entrevistas e no horário eleitoral de rádio e TV, que começa na sexta-feira, 26.
O plano traçado no comitê de Garcia parte do princípio de que Haddad já estaria garantido no 2° turno e, por isso, é importante dialogar desde já com o eleitorado mais conservador e simpatizante de Bolsonaro, especialmente no interior de São Paulo, onde estão os maiores bolsões de resistência a Lula e ao PT. Pesquisa Real Time Big Data divulgada nesta segunda-feira atribui 34% das intenções de voto para Haddad e 20% para Garcia e Tarcísio, empatados.
Enquanto Haddad e Tarcísio buscam nacionalizar a disputa, o governador corre por fora, sempre medindo as palavras ao falar sobre o presidente da República e o governo federal, enquanto carrega nas tintas ao se referir ao ex-presidente e a seu representante na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.
Tarcísio não será poupado, mas a artilharia contra o ex-ministro será moderada para “manter pontes abertas”.
Na história política recente, foi o antipetismo que deu sobrevida ao PSDB em São Paulo (na capital e no Estado) e garantiu duas vitórias consecutivas para João Doria, em 2016 e 2018. A leitura entre os tucanos é que o partido errou em 2018 ao mirar em Bolsonaro em vez de adotar o antipetismo como linha mestra da campanha de Geraldo Alckmin (hoje vice de Lula, pelo PSB) na disputa presidencial.
Além de criticar Haddad, Lula e o PT, Garcia também tem feito gestos aos eleitores bolsonaristas priorizando temas caros ao grupo, como o foco na segurança pública. O governador também evitou, por exemplo, se envolver nos movimentos em defesa da democracia e assinar manifestos.
Em outra frente, Rodrigo Garcia tenta colar sua imagem no “legado” do PSDB em São Paulo ao explorar marcas como o Poupatempo e o Bom Prato, mas esconde o nome do partido e tem procurado manter distância do ex-governador João Doria.