BRASÍLIA – O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) criticou a comunicação do Banco do Brasil após a instituição ter retirado publicidade do “Jornal da Cidade Online”, sob a alegação de que o veículo é um propagador de notícias falsas.
“Marketing do @BancodoBrasil pisoteia em mídia alternativa que traz verdades omitidas. Não falarei nada pois dirão que estou atrapalhando... agora é você ligar os pontinhos mais uma vez e eu apanhar de novo, com muito orgulho! Obs: não conheço ninguém do @JornalDaCidadeO”, escreveu o filho do presidente no Twitter.
O banco foi informado de que estava monetizando o site pelo Sleeping Giants Brasil. Trata-se de um perfil no Twitter que alerta empresas quando suas publicidades estão em sites com conteúdo racista ou de fake news. Nesse caso, o perfil comunicou o banco pela rede social de que sua publicidade estava numa página conhecida por espalhar fake news e, ainda, que é contra o isolamento social para combater a pandemia do novo coronavírus.
O BB respondeu ao perfil também pelo Twitter. “Agradecemos o envio da informação, comunicamos que os anúncios de comunicação automática foram retirados e o referido site, bloqueado. Repudiamos qualquer disseminação de fake news”, postou o banco. Questionado sobre o episódio, o presidente do BB, Rubem Novaes, disse ao Estadão que "não acompanha redes sociais".
Alinhado à direita conservadora, o site Jornal da Cidade foi condenado neste mês a indenizar o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, pela publicação de reportagens consideradas ofensivas. Os donos do site tiveram de retirar os textos do ar e ainda publicar a íntegra da sentença, além de uma retratação, em até 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 1,5 mil.
É meu filho Carlos que conduz minhas redes sociais, afirma Bolsonaro
Alvo de polêmicas, Bolsonaro admitiu nesta terça-feira, 19, que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) é um dos principais responsáveis por gerenciar as suas redes sociais. Apesar das especulações desde o início do governo, o presidente sempre evitava comentar diretamente o tema em outras ocasiões. “É o meu filho Carlos que basicamente conduz (a minha mídia social)”, disse Bolsonaro em entrevista ao jornalista Magno Martins, na noite desta terça.
Assim como fez na campanha, em 2018, Bolsonaro creditou ao filho o sucesso de sua estratégia de comunicação digital. O presidente brasileiro é o terceiro chefe de governo mais popular do mundo nas redes sociais. Fica atrás apenas de Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e do presidente dos EUA, Donald Trump, segundo o Índice de Popularidade Digital (IPD) elaborado pela consultoria Quaest, a pedido do Estadão, em fevereiro.
“Por que a minha mídia social, que é o meu filho Carlos que basicamente a conduz, né, é a que mais interage no mundo? Porque a gente procura trazer, levar a informação como ela é, e a opinião fica com quem está do outro lado da linha, diferentemente da mídia tradicional”, disse Bolsonaro.
O presidente considera ter sido o responsável por implementar “uma nova maneira de fazer política” e acredita que não teria conseguido sem a comunicação por meio das redes sociais. “Sem as mídias sociais, eu tenho certeza que não estaria aqui. As mídias sociais foram a nossa liberdade, onde as pessoas podem realmente ter uma informação real”, afirmou ele.
Bolsonaro utiliza as suas contas em redes sociais para comunicar atos de governo, atacar adversários e criticar a imprensa. A autoria de publicações na conta oficial do presidente, no entanto, foi alvo de dúvidas desde o início do governo.
Em outubro do ano passado, Bolsonaro teve de pedir desculpas por um vídeo divulgado no Twitter que comparava instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) a hienas. Na época, Carlos negou ser o autor da postagem, apesar das informações que indicavam o contrário. O vídeo acabou sendo excluído.
No mesmo mês, Carlos pediu desculpas por outra publicação feita na conta do pai em defesa da prisão em segunda instância. Na época, o vereador disse que escreveu “sem a autorização do presidente”. “Me desculpem (...)! A intenção jamais foi atacar ninguém”, escreveu o vereador.
Em abril do ano passado, ao ser questionado sobre o tema, Bolsonaro afirmou que quem possui a senha de suas redes sociais possuía também a sua confiança, mas não revelou quem eram os responsáveis pelas postagens. “No meu Twitter, é responsabilidade minha. Quem tem minha senha tem minha confiança. Não sou eu que posto, mas dou o aval”, disse Bolsonaro na ocasião.
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