Belo Horizonte tem 11 nomes na disputa pela Prefeitura mas nenhum desponta como favorito; veja

Com base de Lula fragmentada e direita dividida, os pré-candidatos à capital mineira ainda buscam os apoios de Zema, atual governador, e Rodrigo Pacheco, presidente do Senado e provável adversário no comando do Estado em 2026

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Foto do author Pedro Augusto Figueiredo
Atualização:

A seis meses da eleição, nenhum dos 11 pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte desponta como favorito na disputa. O cenário é marcado pela fragmentação dos partidos da base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um prefeito com pouca experiência eleitoral e que ainda busca se tornar mais conhecido entre os 2,3 milhões de belo-horizontinos. O bolsonarismo se uniu em torno de um único candidato, mas a direita também está dividida.

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Fuad Noman (PSD), atual chefe do Executivo local, era vice do então prefeito Alexandre Kalil (PSD), que renunciou ao cargo para disputar o governo de Minas Gerais em 2022. Antes disso, nunca havia disputado uma eleição, muito menos encabeçado uma chapa, como ocorrerá em outubro, embora tenha uma carreira política ligada ao PSDB. Economista de formação, Noman foi secretário-executivo da Casa Civil no governo de Fernando Henrique Cardoso e, depois, ocupou cargos no primeiro escalão nos governos de Aécio Neves e Antonio Anastasia em Minas Gerais.

A candidatura do prefeito à reeleição não era unanimidade nem mesmo dentro do PSD. Para pacificar o partido e se consolidar, Noman exonerou no início da semana quatro secretários municipais que haviam sido indicados por Marcelo Aro (PP), aliado do governador Romeu Zema (Novo) e secretário estadual de Casa Civil. O movimento tem como pano de fundo a eleição de 2026: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), é visto como candidato natural ao governo de Minas e teria como adversário um nome indicado pelo grupo de Zema.

Sede da Prefeitura de Belo Horizonte Foto: Rodrigo Clemente/PBH

O governador é um cabo eleitoral disputado por candidatos à direita do espectro político, mas caminha para apoiar a pré-candidatura de Luísa Barreto (Novo), secretária de Planejamento do governo mineiro, que também tem sua trajetória política ligada ao PSDB, partido pelo qual foi candidata em 2020 e terminou em sétimo lugar com 1,39% dos votos.

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Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) tentam convencer Zema a apoiar a candidatura do deputado estadual Bruno Engler (PL), que terminou em segundo lugar na última eleição para prefeito com 9,9% dos votos. Atualmente em seu segundo mandato, ele é um dos bolsonaristas mais próximos do ex-presidente no Estado e, antes de entrar para a política institucional em 2018, foi coordenador do movimento Direita Minas. Engler também tem o apoio de Nikolas Ferreira (PL), deputado federal mais votado da história de Minas Gerais, com 1,5 milhão de votos.

Interlocutores do senador Carlos Viana (Podemos) também têm sondado aliados do governador em busca de apoio à sua pré-candidatura. Viana tenta viabilizar uma candidatura de direita, mas descolada do bolsonarismo, com quem rompeu por se sentir traído por Bolsonaro em 2022. Ele se candidatou a governador pelo PL, mas o ex-presidente fez diversos gestos a Zema durante a campanha.

Atual prefeito, Fuad Noman fez campanha para Lula em 2022 Foto: Ricardo Stuckert

O senador também tenta conseguir o apoio do ex-prefeito Kalil, visto como único cabo eleitoral capaz de rivalizar com a força de Lula e Bolsonaro na capital mineira. Kalil ainda não indicou em quem depositará suas fichas.

Na centro-direita, o ex-deputado estadual João Leite (PSDB) foi lançado como pré-candidato pelos tucanos. Ele não conseguiu se reeleger para a Assembleia Legislativa em 2022, mas a sigla espera que ele repita o bom desempenho que teve em 2016, quando foi derrotado por Kalil no segundo turno por uma margem apertada.

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Bruno Engler (à direita) é amigo da família Bolsonaro e tem o apoio do ex-presidente Foto: Reprodução / Instagram Bruno Engler

As pesquisas eleitorais até o momento apresentam resultados divergentes e apontam para uma disputa à direita ou uma polarização entre bolsonarismo e petismo. Na mais recente, realizada pelo Paraná Pesquisas, e divulgada no último dia 28, Leite, Viana e Engler aparecem empatados tecnicamente na liderança com, respectivamente, 16,6%, 16,2% e 14,9%. Já a Real Time Big Data divulgada no início de março coloca Viana na liderança com 21%, seguido de Engler, com 15% — eles estão empatados no limite da margem de erro de 3 pontos percentuais. O nome de João Leite não foi testado.

A pesquisa AtlasIntel divulgada em 31 de dezembro do ano passado indica uma polarização entre o bolsonarista Engler, que lidera com 31,4% dos votos, seguido do petista Rogério Correia com 21%. Neste levantamento, Viana teve 7,7%. As pesquisas não podem ser diretamente comparadas pois, além de serem de institutos diferentes, cujas metodologias variam, as listas de candidatos apresentadas aos entrevistados não foram as mesmas.

Base de Lula se divide em 7 pré-candidatos

Belo Horizonte vai na contramão do pedido do presidente Lula, que deseja que os partidos que o apoiam caminhem juntos na medida do possível nas principais cidades brasileiras. O chefe do Executivo federal fez gestos tanto para o candidato do PT quanto para o prefeito na última vez que esteve na capital mineira, no início de fevereiro: ao descer do avião, chamou Correia de “prefeito”, mas logo em seguida tirou uma selfie com Noman.

O PSD reivindica o apoio do presidente tanto pela proximidade com Rodrigo Pacheco como pelo fato do prefeito ter apoiado Lula contra Bolsonaro.

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Além dos dois, também são candidatos a deputada federal Duda Salabert (PDT), primeira mulher transexual a ser eleita por Minas Gerais para a Câmara dos Deputados, e o ex-vice-governador Paulo Brant (PSB), que tem o apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Brant foi vice de Zema no primeiro mandato, mas rompeu com o Novo.

Rogério Correia, que ganhou projeção na CPMI do 8 de Janeiro, é o candidato do PT na capital mineira. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados Foto: Zeca Ribeiro

O MDB filiou no mês passado o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo. Embora a nível nacional o partido tenha ministérios no governo Lula, o pré-candidato tem como mote tentar quebrar a polarização entre petistas e bolsonaristas na capital mineira. Azevedo começou a carreira política no PSDB, era aliado de Aécio, mas rompeu com os tucanos ainda durante o governo Anastasia, em 2013. Em seguida, passou pelo extinto PHS e pelo Patriota.

A federação PSOL-Rede também terá candidato próprio. A favorita é a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), que já foi vereadora de Belo Horizonte. Porém, a Rede ainda mantém a pré-candidatura da também deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede), que recentemente recebeu o endosso de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente.

Confira a lista dos pré-candidatos, em ordem alfabética:

  • Ana Paula Siqueira (Rede), deputada estadual
  • Bella Gonçalves (PSOL), deputada estadual
  • Bruno Engler (PL), deputado estadual
  • Carlos Viana (Podemos), senador
  • Duda Salabert (PDT) deputada federal
  • Fuad Noman (PSD), prefeito de Belo Horizonte
  • Gabriel Azevedo (MDB), presidente da Câmara Municipal
  • João Leite (PSDB), ex-deputado estadual
  • Luísa Barreto (Novo), secretária de Planejamento do governo de Minas Gerais
  • Paulo Brant (PSB), ex-vice-governador de Minas Gerais
  • Rogério Correia (PT), deputado federal

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