As críticas vindas da própria base de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a políticas em andamento foram comentadas na conversa da vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anne Krueger, com a ministra de Ação Social, Benedita da Silva. Segundo relato de Benedita, Krueger lhe teria perguntado sobre como o governo tem trabalhado para superar momentos de críticas e dar prosseguimento às reformas necessárias para o País. Benedita respondeu que o Brasil é um país democrático e que divergências fazem parte do jogo. "São visões do mundo diferentes. Um país onde não existe espaço para divergência de idéias é autoritário", disse Benedita. Ela contou ainda que a representante do FMI se mostrou muito interessada em saber como o governo vem conseguindo conciliar sua política econômica com os programas de inclusão social. "Na verdade, eles estão aqui para conhecer um pouco mais sobre essa nova política que o governo Lula está conduzindo", disse Benedita, observando que o governo vem avançando em questões sociais, ao mesmo tempo em que lida com fortes restrições orçamentárias. A visita de Krueger, que durou uma hora, representou, segundo Benedita, uma nova fase do Fundo Monetário Internacional, já que as visitas anteriores de representantes do organismo ao País não incluíam a área social em sua agenda. Sobre reclamações de falta de verbas por parte de vários ministros, Benedita disse que fez questão de deixar claro, no encontro com a representante do FMI, que estava ali tratando de política social, e não monetária. "Isso é coisa para o ministro (Antonio) Palocci (Fazenda)", afirmou, relatando que procurou mostrar a Krueger como a integração de ações das várias esferas do governo e os programas de avaliação e monitoramento da área social vão garantir mais eficácia na aplicação de recursos e fazer com que o dinheiro chegue até as famílias.
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