A primeira eleição em que os nomes de Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) apareceram registrados na mesma urna eletrônica foi em 2006. O evangélico já era senador e tentava se eleger governador pelo PL. O socialista buscava pela primeira vez um cargo eletivo.
Daquela vez, já no PSOL, Freixo se elegeria para o primeiro mandato a deputado estadual com 13.547 votos. Crivella amargou o terceiro lugar, atrás de Sérgio Cabral (PMDB) e Denise Frossard (PPS).
Os dois protagonizaram uma das mais duras campanhas das eleições recentes da cidade. De um lado, Crivella foi apresentado como conservador, preconceituoso contra gays e mulheres, intolerante em relação a outras religiões, apoiado pelo ex-governador Anthony Garotinho e por milicianos.
Freixo foi descrito como favorável ao aborto e à “ideologia de gênero”, acusado de querer “desarmar” a PM e de ser conivente com o tráfico de drogas. Precisou criar uma página na internet para desmentir os boatos.
Dez anos se passaram desde a primeira eleição em que concorreram simultaneamente, ainda que a cargos diferentes. Depois de quatro derrotas para cargos majoritários (duas para governador e duas para prefeito), o bispo licenciado chega à reta final com vantagem de 14 pontos sobre o adversário – 57% contra 43% de Freixo.
Sem escolha. A disputa acirrada não conseguiu diminuir o número de eleitores que pretende votar nulo, em branco, ou está indeciso: 25%, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem.
No primeiro turno, o Rio obteve uma das taxas de abstenção mais altas do País: 37,15%. Os que votaram em branco ou anularam chegaram a 17,85% do eleitorado. Tudo somado, tem-se um índice de 55% de eleitorado que não escolheu nenhum dos 11 candidatos à prefeitura.
“O Rio está partido em três partes. Tem um eleitorado grande que não quer Crivella nem Freixo. No fim das contas, uma parte desse eleitor que diz que vai votar em branco ou nulo terá de escolher. Mas parte dos eleitores do Indio da Costa, do Carlos Osorio e do Pedro Paulo não quer Freixo nem Crivella. É uma questão emblemática desta eleição”, diz o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-RJ. Para ele, a divisão da centro-direita não favoreceu Freixo, que teve apoio do PT, mas dispensou participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A polarização atingiu os eleitores, com as já conhecidas trocas de acusações e discussões pelas redes sociais, que também foram a tônica da eleição presidencial de 2014.
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