BRASÍLIA – Um dia após o resultado da eleição, o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), afirmou que o partido terá candidatura própria na disputa para a presidência da Câmara, em fevereiro de 2023. Mesmo com a indicação de Bivar, o União é cobiçado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP), que tenta se manter no cargo.
“Vamos ter um candidato. Não é questão de apoiar o Lira ou deixar de apoiar”, disse o deputado ao Estadão. Integrantes do partido afirmam que o próprio Bivar tenta se movimentar para comandar a Câmara. Perguntado sobre a possibilidade, ele desconversou: “Quem vai decidir é a bancada.”
Bivar também pregou diálogo com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e afirmou que vai reunir a bancada do partido no Congresso para decidir como será a relação com o futuro governo. “Agora, nossas posições são todas claras: a gente é a favor da liberdade e do Estado Democrático de Direito. O União surgiu para fortalecer as instituições. Então, isso é o que a gente mais briga, pela democracia”, destacou.
Apesar da posição de Bivar, o União Brasil abriga diversos opositores de Lula, como o senador eleito Sergio Moro (PR), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o deputado eleito Mendonça Filho (PE). Bivar minimizou, no entanto, as resistências ao petista. “Claro que tem pontos divergentes, mas o partido em si, como organismo, está muito coeso. Não tem problema”, disse.
Em 2018, quando presidia o antigo PSL, Bivar foi o político que garantiu um partido para que Bolsonaro disputasse e vencesse a disputa presidencial. Mas logo no primeiro ano de governo, em 2019, Bivar e Bolsonaro travaram uma disputa pelo comando da legenda. A briga culminou com a desfiliação do presidente.
Neste mês, embora não tenha anunciado publicamente um apoio no segundo turno, Bivar deixou claro para todos os aliados que apoiou Lula contra o atual presidente. O deputado sonha com o apoio do petista para presidir a Câmara.
O União Brasil fez a terceira maior bancada da Casa, com 59 deputados, atrás apenas da federação PT-PCdoB-PV, com 80, e do PL, com 99. O PP de Lira elegeu 47 deputados, a quarta maior bancada e ele busca o apoio do União Brasil para consolidar sua reeleição. Para conseguir essa adesão, o presidente da Câmara já tentou uma fusão entre as duas legendas. Hoje, no entanto, as conversas são para que haja um bloco partidário.
Mesmo com o anúncio de Bivar de que o partido terá candidato ao comando da Câmara, deputados da legenda dizem que o assunto ainda não foi debatido. “Não foi definido nada internamente”, observou Mendonça Filho, que tem discordado de muitas posições de Bivar.