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Opinião|A carapuça é de quem a veste

Se a representação da classe não se faz por convergência de anseios - como tentam advertir os nobres subscritores -, menos ainda se deva tê-la pela mantença de feudos perenes e inertes. E a OAB/SP, em sua função social, não deve diferir nem se distanciar do desejo majoritário do povo

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Por Renata Di Pierro e Paulo Amador da Cunha Bueno

Na edição de 12 de novembro deste Blog vimos a publicação do artigo intitulado Política ideológica e partidária não cabe na Ordem, subscrito pelos nobres expoentes da advocacia criminal bandeirante, Drs. Antônio Claudio Mariz de Oliveira e Celso Sanches Vilardi.

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Com o devido cuidado de não citar nomes, decerto para não espraiar o destaque, os preclaros subscritores advertem os eleitores advogados sobre o descabimento de a campanha para eleição na OAB/SP estar evidenciando viés político partidário através de UMA das chapas concorrentes.

O conteúdo — de indisfarçável clareza —, deriva do óbvio fato de que personalidades do espectro conservador, tanto do mundo político quanto jornalístico, vem manifestando aberto apoio a uma específica candidatura, qual seja, a do Dr. Alfredo Scaff e, nesse particular, aquele declarado pelo ex-Presidente da República Jair Bolsonaro, em ao menos duas oportunidades públicas.

Queremos declarar — com a autoridade da qual nos assenhoramos pela condição de candidatos ao Conselho Federal da OAB —, que não somos braço de nenhum partido. Não obstante, entendemos ético e honesto que o eleitorado de advogados esteja ciente de nossas convicções conservadoras, da mesma forma como sempre foi conhecido e ostensivo o alinhamento de outros candidatos à ideologia e a políticos de orientação à esquerda. É fato que os apoios que vimos recebendo durante a campanha tem emanado de diferentes rincões sociais, dentre eles, também, algumas figuras do cenário político institucional. Todos, sem exceção, nos são muito bem vindos.

Temos ainda o sentimento - aliás, a convicção - de que esses apoios inéditos vêm pavimentados pela expectativa de mudanças na postura e posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil — evidentemente omissa ou com ações pífias diante de reiteradas e manifestas violações às prerrogativas da nossa classe e de toda a sociedade.

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O que temos assistido diuturnamente é a politização da justiça e a judicialização da política sufocando as garantias mais fundamentais do cidadão e de suas defesas. Esse estado de coisas tornou-se superlativo e foi sendo “normalizado” — em grande parte pela letargia ou afinidade dos nossos eleitos líderes da classe —, conduzindo a advocacia à uma condição subalterna na medida em que permitiu, sem qualquer resistência, que nos fosse subtraído o prestígio que, outrora, em momentos de turbulência política e institucional, nos garantia envergadura para o exercício de nosso ministério.

Se agora agregamos um maior número de aliados, isto significa que estamos externando o desejo maiúsculo e atual da sociedade, anseio este que transcende a classe dos advogados e se alinha às convicções populares do momento, uma vez que seremos sempre os arautos da democracia. Democracia não se dá apenas quando os amigos dos amigos ocupam o poder, mas sim quando a saudável alternância cede espaço ao arejamento e execução de diferentes pensamentos. Então temos que, se a representação da classe não se faz por convergência de anseios - como tentam advertir os nobres subscritores - menos ainda se deva tê-la pela mantença de feudos perenes e inertes. E a OAB/SP, em sua função social, não deve diferir e nem se distanciar do desejo majoritário do povo, o que é, por norma constitucional, atribuição dos advogados.

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Renata Di Pierro
Advogada civilista formada na USP com pós-graduação em Direito Político e Financeiro. Candidata ao Conselho Federal da OAB, pela chapa Nova Ordem. Foto: Arquivo pessoal
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