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Opinião|A dança que desonra a Polícia Militar

Um dos principais deveres dos policiais é observar os direitos e garantias fundamentais, agindo com isenção, equidade e absoluto respeito pelo ser humano. A zombaria em relação à morte de 111 presos é uma clara violação desses princípios

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Por Jacqueline Valles
Atualização:

Recentemente, um vídeo circulou nas redes sociais, mostrando policiais militares zombando das vítimas do Massacre do Carandiru, um dos episódios mais trágicos da história recente do Brasil. A cena daqueles jovens fardados banalizando a violência que ocorreu no Carandiru não apenas ofende as famílias das vítimas, mas também mancha a imagem da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

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Embora os jovens estivessem fardados, é importante destacar que eles não representam a grandiosidade da instituição. A Polícia Militar do Estado de São Paulo é uma organização com quase 200 anos de história, regida por leis rígidas e princípios éticos que visam proteger e servir a sociedade.

Por isso, a atitude desses policiais deve ser repelida de forma contundente, pois infringe diversos incisos da Lei do Regulamento da Polícia Militar, especialmente na parte que trata da deontologia e dos deveres e valores do policial. Um dos valores fundamentais da moral da instituição é a dignidade humana. Ao zombar de um massacre, esses policiais violaram esse princípio básico, desrespeitando a dor de seus familiares.

Um dos principais deveres dos policiais é observar os direitos e garantias fundamentais, agindo com isenção, equidade e absoluto respeito pelo ser humano. A zombaria em relação à morte de 111 presos é uma clara violação desses princípios, demonstrando total falta de respeito pela vida humana.

Outro dever do policial militar é o de zelar pelo bom nome da instituição e de seus componentes. Ao agir de maneira tão desrespeitosa, eles não apenas mancham a imagem da PM, mas desonram os valores que deveriam defender.

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Para que a credibilidade e a imagem da Polícia Militar não sejam aviltadas, é imperativo que esses jovens sejam punidos exemplarmente. A lei orgânica complementar de 2001, que rege a PM, tem como ponto máximo o respeito à vida. Portanto, qualquer demonstração que vá contra esse princípio deve ser tratada com a máxima seriedade.

Uma investigação rigorosa deve ser conduzida para apurar todos os detalhes do incidente e identificar todos os envolvidos. As punições devem ser exemplares. Mas isso não é o suficiente: é essencial que a PM reforce continuamente os valores e princípios que regem a instituição, promovendo treinamentos e campanhas de conscientização para evitar que episódios como esse se repitam.

A Polícia Militar do Estado de São Paulo é uma instituição de grande importância para a segurança pública e a justiça no Brasil. A atitude de alguns poucos não pode manchar a reputação de uma organização inteira. Mas é imperativo que haja uma resposta firme e exemplar a comportamentos que desrespeitem os valores fundamentais da corporação. A sociedade espera e merece uma polícia que atue com integridade, respeito e compromisso com a dignidade humana.

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Jacqueline Valles
Jurista, mestre em Direito Penal e membro da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim). Possui mais de 30 anos de experiência no Tribunal do Júri. Foto: Arquivo pessoal
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