"Deixa eu dizer alto e claro: a democracia não está em risco no Brasil", afirmounesta segunda-feira o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condenação à prisão do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato. O magistrado deu o recado antes de participar de evento na Universidade de Harvard. "Eu pedi permissão dos organizadores para fazer algumas observações sobre o que está acontecendo no Brasil. Isso vai parecer desnecessário para muita gente aqui. Mas eu acho importante falar algumas coisas."
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Sem mencionar nenhuma vez o caso do ex-presidente, Moro afirmou que o que ocorre no Brasil é a luta pelo Estado de Direito, que terá como consequência o fortalecimento da democracia e poderá levar até a uma "economia mais forte" no Brasil. Segundo ele, as investigações de corrupção sob sua responsabilidade e de outros magistrados revelaram fatos "vergonhosos", mas sua punição deve ser motivo de orgulho para o país.
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O magistrado mencionou trecho de discurso feito em 1903 pelo ex-presidente dos EUA, Theodore Roosevelt (1858-1919), para reforçar sua posição: "A exposição e a punição da corrupção pública é uma honra para uma nação, não uma desgraça. A vergonha está na tolerância, não na correção".
Em julho, Moro condenou Lula a 9 anos e 6 meses por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Em janeiro, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmou a condenação e elevou a pena a 12 anos e 1 mês. Lula foi preso por determinação de Moro no dia 5, depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) negar pedido de habeas corpus preventivo apresentado por seus advogados.
Aliados do ex-presidente sustentam que o julgamento teve motivações políticas e representam uma ameaça ao sistema democrático. Para eles, não há provas para a condenação do ex-presidente e a proibição de sua participação na eleição representa um golpe. Lula pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que proíbe o registro de candidatos que tenham sido condenados criminalmente em segunda instância.
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