O dia 2 de abril é definido como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data voltada para a conscientização da sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O TEA é um transtorno que se caracteriza, entre outras manifestações, por dificuldade de interação social e presença de comportamentos repetitivos.
Neste dia 2 de Abril, estamos nos distanciando cada vez mais, no tempo e no comportamento, de momentos passados, quando nosso país, em 1934, chegou a consagrar no plano constitucional, a eugenia, como fundamento educacional.
O objetivo ilusório do ser humano perfeito, da raça perfeita, que levou a um dos mais terríveis de nossa história, o holocausto nazista, e que teve, como primeiras vítimas do extermínio em massa, alemães com deficiência, foi substituído pela consciência de que não há ninguém perfeito e que a deficiência é inerente a condição humana.
Temos hoje, no Brasil, uma das mais modernas legislações de todo o mundo, em defesa das pessoas com deficiência, a Lei Brasileira da Inclusão, e que vem alavancando mudanças sociais palpáveis, com cada vez mais pessoas com deficiência se destacando em diversas áreas.
O Poder Público começa a perceber a importância da questão, adotando iniciativas importantes, nas mais diversas esferas de entes federativos e entes da administração pública. O Estado de São Paulo, por exemplo, em 2023, promoveu duas importantes iniciativas: o Plano Integrado para pessoas com transtorno de espectro autista – TEA, e a Educação Especial, visando a levar de fato acessibilidade e inclusão em toda rede escolar.
Nesta terça-feira, 2, o Governo do Estado, vai lançar um guia com dicas de como se relacionar com a pessoa autista. Esse guia on-line estará disponível para escolas públicas e privadas. Será lançado também uma identificação veicular que alerta que no veículo está uma pessoa com autismo e, portanto, é preciso evitar buzinar e dirigir de forma agressiva. Além disso, haverá ampliação dos serviços de Equoterapia - atividade que potencializa diferentes áreas ou habilidades da pessoa, através da interação com cavalos. É utilizada principalmente com crianças com autismo, síndrome de Rett e paralisia cerebral.
Somos 8% da população com deficiência em dimensão de enfrentarmos obstáculos que podem prejudicar o exercício da cidadania: parte, nasceu com esse nível de deficiência; parte, como eu, que sofri amputação com 50 anos, por acidente de automóvel, adquire durante a vida; e parte significativa passará a conviver com esse tipo de deficiência quando, com o passar dos anos, nossos corpos já não respondem às nossas limitações com o mesmo vigor de nossa juventude. Para todas essas situações, a resiliência e a força da superação fazem toda a diferença.
E para todos, o poema de Fernando Pessoa é fonte de inspiração: Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo.
Convidado deste artigo
As informações e opiniões formadas neste artigo são de responsabilidade única do autor.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
