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Opinião | A meritocracia e as ineficazes políticas das indicações e das cotas

Se a política de cotas deve existir, ela deve ser realizada nos ensinos básico e médio, de forma a se permitir igualdade de condições para o futuro ingresso nas Universidades, e é só! A partir daí, deveriam prevalecer o esforço e o mérito de cada um na disputa pelos melhores empregos, sejam públicos (concursados), sejam nas empresas privadas

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convidado
Por Marcelo Batlouni Mendroni

O vestibulando passa os olhos rapidamente na lista de aprovados no concurso vestibular de uma renomada Universidade. Não conseguiu dormir na noite anterior de tanta ansiedade. Um verdadeiro choque de emoção envolve o seu corpo inteiro ao encontrar o seu nome na lista. Foi aprovado! O seu esforço de anos estudando com muito empenho e notas exemplares tanto no ensino básico como no ensino médio foi coroado com a aprovação. Agora ele poderá cursar uma das melhores Universidades do País!

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Ele segue estudando, agora na Universidade. Continua se esforçando. Não perde aulas, assiste à todas, rigorosamente. Participa das discussões acadêmicas. Pesquisa, pensa, raciocina, busca as melhores soluções. Estuda em casa como poucos. Consegue notas excelentes! Por outro lado, assiste a outros colegas que pouco se empenham, faltam às aulas, se reúnem no bar todos os dias logo após assinarem a lista de presença. Se embriagam frequentemente. Frequentam o Centro acadêmico, na maioria das vezes para usar drogas e fumar maconha. Vivem alienados e se rebelam quando são contestados em face do desempenho acadêmico terrível e da sua péssima conduta. São aprovados porque colam nas provas. Não aprendem rigorosamente nada. Chega-se a duvidar do futuro deles. Como estes colegas farão quando precisarem do conhecimento para exercer a profissão?

Mas ele segue firme, estudando e se dedicando, porque isso lhe garantirá um futuro profissional brilhante, logo depois que chegar à formatura, certo? Errado!

O que ele não sabe é que atualmente, pouco importa a meritocracia. Pouco importa se ele sempre foi estudioso, dedicado e bom aluno. Pouco importa frequentar todas as aulas e estudar as matérias, pesquisar e tirar boas notas. Pouco importa a sua conduta irrepreensível, educada e exemplar. O que importa de fato, numa verdade fria e cruel é ter uma rede de relacionamentos para conhecer pessoas que lhe “indiquem” para os cargos e vagas de emprego; ou então ser um “cotista”.

Aquele colega que vivia no bar, fumava maconha e usava drogas como ninguém, alienando-se o tempo todo, conseguiu se formar colando nas provas, e mesmo exibindo toda a sua ignorância e falta de conhecimento, ele conseguiu um emprego para receber um alto salário. Foi péssimo aluno, mas era um “cotista” ou conhecia pessoas em posições chaves. Tinha contatos que lhe indicaram para assumir postos cujas funções ele nem sabe como desempenhar. O resultado do seu trabalho será medíocre, mas o que isso importa? Quem liga para isso? É preciso fazer “justiça social”, dando igualdade de oportunidades a todos, não é?

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Mas as coisas ainda podem piorar. Essa infeliz e ineficaz política das indicações ou das cotas está potencializando ainda mais o injusto critério do “favoritismo” em detrimento da escassa meritocracia. Um se esforçou, estudou e aprendeu o ofício e o outro, porque está inserido em uma “revolucionária” política de indicação, “inserção social” e/ou de cotas, que não se esforçou, que não aprendeu e não sabe rigorosamente nada, não sabe nem sequer como conseguiu se formar; esse conseguiu aquele emprego, - só porque está no âmbito de uma “indicação” ou entrou por sua cota. Pelo menos houve uma “inclusão social” - de quem não merecia, ... ao mesmo tempo em que houve uma “exclusão social” - de quem merecia.

Você é filho de quem? Quem te indicou? Quem te referiu? Qual é o seu gênero? Qual é a sua raça? Como você se vê, como você se enxerga? Como você quer ser tratado? Ele, Ela ou Ile? Qual é o prenome de sua preferência? Isso é tudo o que importa hoje no Brasil na política do desastroso Governo Federal do Presidente Lula, que, por isso mesmo, continuará sendo sempre um País medíocre e subdesenvolvido, com pessoas incapacitadas para exercer as profissões por despreparo e por falta de capacitação.

No âmbito dos concursos públicos não é diferente. Poder Judiciário, Ministérios Públicos, AGU, e outros parecem demasiadamente interessados nas pautas “sociais”, e nem tanto no efetivo enfrentamento aos grandes criminosos. Concursos aprovam e privilegiam candidatos de cotas em detrimento de candidatos esforçados e estudiosos. E depois são hipocritamente aplaudidos por integrantes da carreira! Até na formação das bancas dos examinadores dos concursos é preciso ter cotas de forma que selecionadores são escolhidos através de cotas para que selecionem os candidatos, entre eles, os cotistas...

E enquanto se insistem e se enfatizam as chamadas pautas woke, os criminosos de colarinho branco que surrupiam milhões ou bilhões, estes sempre são privilegiados, seja pela falta de capacitação dos operadores do direito, por vezes cotistas, ou por desconhecidas razões relacionadas e decorrentes daquela famigerada rede de relacionamentos.

No âmbito da medicina, para ficar em só mais um exemplo, aqueles alunos bêbados, rebeldes e maconheiros, que não aprenderam rigorosamente nada, assumem o controle da saúde e da vida das pessoas em hospitais. Danem-se o correto diagnóstico, o tratamento, a saúde e a vida dos pacientes, porque é preciso “incluir” os indicados e descapacitados, é preciso dar chances a todos...

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Se a política de cotas deve existir, ela deve ser realizada nos ensinos básico e médio, de forma a se permitir igualdade de condições para o futuro ingresso nas Universidades, e é só! A partir daí, deveriam prevalecer o esforço e o mérito de cada um na disputa pelos melhores empregos, sejam públicos (concursados), sejam nas empresas privadas. Fora disso, são beneficiados aqueles que por qualquer razão não se capacitaram em detrimento daqueles que se esforçaram e se empenharam pelo aprendizado.

Para citar apenas um emblemático exemplo, a ex-presidente Dilma Roussef, cassada por improbidade e incompetência administrativas, alvo da população em incontáveis e intermináveis memes nas redes sociais relacionados à ignorância e ao despreparo, como autora de falas e entrevistas hilárias e desencontradas, ocupa o cargo de Presidente do Banco dos BRICs, com um salário mensal, em 2023, de R$ 300.000,00/mês (Mais de US$ 50.000,00 por mês)! Mérito ou indicação para esse “Supersalário”?

No Brasil o Judiciário não vale nada, o que vale são as relações pessoais”. Luiz Inácio Lula da Silva – Presidente do Brasil (https://www.youtube.com/watch?v=CUmAwTVWuYE)

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Marcelo Batlouni Mendroni
Procurador de Justiça/SP, doutor em Direito Processual Penal (Universidad Complutense de Madrid/2000-USP). Foto: Arquivo pessoal
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