Criada em 1943, a Pirâmide de Maslow fala dos diferentes níveis de necessidades que os seres humanos possuem. Desde as básicas — fome, sede, sono, respiração, sexo (fica a dica!) — até as de autorrealização: crescimento pessoal, criatividade e realização de potencial.
Um dos pontos centrais é que, para subir de nível, você precisa ter resolvido o nível anterior. Ou seja: segundo Maslow, você não vai, nem que queira, conseguir ter autoestima se estiver privado de sono ou não tiver um cantinho para chamar de seu.
Vivemos tempos de impermanência, onde é preciso desaprender e desinventar uma porção de ensinamentos e, particularmente no RS, vivemos uma realidade que desafia a calmaria das lógicas: um dos maiores desastres climáticos da história conhecida do Brasil nos provoca a pensar como Albert Einstein, quando dizia que não podemos resolver um problema com o mesmo mindset que usamos para criá-lo.
Mas, e se invertêssemos a dinâmica ao lembrar que nove em cada 10 pessoas no Estado passaram a desenvolver sintomas de ansiedade após a enchente? Posso apostar que o uso de IA — não vamos longe: a própria inclusão digital — não estaria nos níveis mais elevados da pirâmide. De que adianta IA quando não tínhamos nem água potável? Mas depois do agudo vem o crônico: demorado e solitário, e o que dizer da importância de nossa saúde mental?
Todo mundo terá, em médio prazo, um “amigo robô”. Mas não como no filme Ela (Estados Unidos, 2013): a cada vez que entendermos que a IA é ótima como IA, e as pessoas são ótimas como pessoas, poderemos usar por exemplo a IA para receber “atendimento psicológico” por uma fração do que custaria um atendimento físico, a qualquer hora, bastando para isso um smartphone, uma internet e um login no ChatGPT — por que não, oferecido pelo Estado?
Não estou sugerindo que se substitua nosso analista por um robô: eu mesmo não faria isso. Mas, se pensarmos um pouco mais fora da caixa, entenderemos que atuar de vez em quando nos níveis de cima da pirâmide nos possibilitará ajudar a resolver os mais básicos. E por aí, vai.