Um abaixo-assinado para cassar o mandato do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), por causa do seu discurso transfóbico no Dia Das Mulheres, reúne mais de 230 mil assinaturas. Ele foi o deputado federal mais votado na última eleição.
A iniciativa foi lançada pela equipe da também deputada Erika Hilton (PSOL-SP), uma das primeiras mulheres trans eleitas na Câmara.
"Precisamos da luta de todas vocês para provar que todas as mulheres romperão com a violência que tanto nos persegue", diz um trecho do abaixo-assinado.
O deputado usou a tribuna na quarta-feira, 8, para atacar mulheres transgênero. Ele afirmou que as 'mulheres estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres'. Também vestiu uma peruca e ironizou: "Hoje me sinto mulher, deputada Nicole."
Partidos de oposição acionaram o Conselho de Ética da Câmara e entraram com notícias-crime no Supremo Tribunal Federal (STF). A transfobia foi equiparada ao crime de racismo em 2019. Com a decisão do STF, quem discriminar pessoas transgênero pode ser condenado a até cinco anos de reclusão.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), repreendeu o deputado e disse que o plenário não é 'palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos'. "
Com a repercussão do episódio, Nikolas Ferreira afirmou que se colocou em uma 'posição de sacrifício, de tomar pancada de todos os lados'. Ele disse ainda que eventuais punições, incluindo a possível cassação do mandato, 'beiram a infantilidade'.
"O que eu disse no meu discurso foi exatamente isso: uma defesa pelas mulheres", disse em um vídeo publicado nas redes sociais. "Basta ser contrário a eles (ativistas LGBT) que você é considerado um criminoso".
Mais cedo, o deputado protagonizou uma discussão acalorada sobre o episódio com a ex-BBB Ana Paula Renault durante um voo.
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