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Acuada por ativistas, prefeitura de cidade paraibana derruba lei que autorizava sacrifício de animais após 15 dias sem que ninguém os reclamasse

Forte reação popular levou Karla Pimentel (PROS), prefeita de Conde, região metropolitana de João Pessoa, a suspender a eficácia da lei e pedir sessão extraordinária do Legislativo para discutir a revogação do texto. 'Interpretação da lei revogada é dúbia, sofri ataques pessoais, queixa-se Karla

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Por Isabella Alonso Panho

ESPECIAL PARA O ESTADÃO - A Câmara de Vereadores de Conde (região metropolitana de João Pessoa, a 20km da capital) revogou na tarde desta segunda, 27, uma lei que autorizava o sacrifício de animais de grande e médio porte apreendidos, passados 15 dias sem que alguém os reclamasse.

A motivação do projeto de lei, de acordo com a prefeita Karla Pimentel (PROS), seria a reclamação de moradores sobre animais de grande porte abandonados nas vias públicas ( Foto: Reprodução/Abaixo assinado)

A lei estabelecia que esses animais também poderiam ser 'ser levados a leilão em hasta pública' e 'doados'. O texto foi proposto por iniciativa do Executivo e estabelece protocolos para o município lidar com o abandono de animais em vias públicas.

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Diante da pressão de movimentos sociais e lideranças da proteção animal, a prefeita de Conde, Karla Pimentel (PROS) suspendeu a eficácia da lei no sábado, 25, e solicitou que fosse convocada uma sessão extraordinária na Câmara de Vereadores nesta segunda, 27, para discutir a revogação do texto. Ela reconhece que a interpretação da lei revogada é 'dúbia'.

 

A prefeita de Conde, Karla Pimentel (PROS) afirma que sofreu ameaças e que teve que tirar os filhos da cidade (Foto: Eudes Santiago/Secomd)O intuito da lei, de acordo com a prefeita, seria criar no âmbito municipal o serviço de recolhimento desses animais, o que permitiria, no futuro, a contratação de uma empresa privada por meio de licitação.

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Novas reuniões serão convocadas para discutir com a sociedade o texto de uma nova lei sobre o assunto.

Conde é uma cidade da região metropolitana de João Pessoa (PB) e tem pouco mais de 25 mil habitantes ( Foto: Divulgação/Prefeitura de Conde)

A polêmica lei havia sido publicada em 17 de fevereiro, mas ganhou repercussão na semana passada. Fabíola Rezende (PSB), vereadora de João Pessoa, cidade vizinha de Conde, afirma que a normativa 'é um absurdo nos dias atuais, vai totalmente à contramão do que se defende e o que está previsto na legislação de defesa e proteção dos animais'.

Parte da revolta dos movimentos ocorreu devido a uma 'interpretação equivocada' de que a lei de Conde poderia ser aplicada também a animais domésticos, como cães e gatos, pois o dispositivo que fala sobre sacrifício não deixa claro a que porte de animal se referia.

Ao Estadão, Pimentel disse que foi vítima de 'uma fake news de que iríamos exterminar animais'.

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Ela afirma que propôs o projeto de lei depois de receber um abaixo-assinado de moradores reclamando de 'animais de produção, de médio e grande porte, como caprinos, suínos, cavalos, boi, que saem dos seus cercados e invadem a pista urbana', o que pode causar acidentes fatais. A reportagem teve acesso ao abaixo-assinado, que também foi levado ao Ministério Público.

AMEAÇAS À PREFEITA

A prefeita de Conde, Karla Pimentel (PROS) relata ter sofrido ameaças e ataques por causa da lei ( Foto: Reprodução/Instagram)

"De uma hora para outra minha virou um inferno. Disseram que eu deveria praticar eutanásia com os meus filhos, tive que tirá-los da cidade." Pimentel afirma que sofreu inúmeros ataques pessoais por causa da lei.

Em uma mensagem, cujo print foi enviado ao Estadão, uma usuária do Instagram deseja à prefeita uma 'morte bem lentinha (sic) e agonizante'. "A rede social pode ser a ascensão e também a destruição do ser humano", queixa-se a prefeita.

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