Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

AGU recorre ao STF contra condenação que obriga Deltan a indenizar Lula por PowerPoint

Advocacia-Geral da União representa o ex-procurador e alega em recurso enviado ao Supremo Tribunal Federal que ele não pode ser responsabilizado pela apresentação

PUBLICIDADE

Foto do author Rayssa Motta
Atualização:

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que derrube a condenação do ex-procurador Deltan Dallagnol no caso do PowerPoint.

PUBLICIDADE

O órgão afirma que o próprio Supremo Tribunal Federal reconheceu, em 2019, que os agentes públicos não podem responder judicialmente por eventuais danos causados a terceiros no exercício da função e que a responsabilidade nesse caso é do Estado.

A AGU afirma que a prerrogativa serve para “proteger a própria atividade pública”. “Isso porque há atividades inerentes ao Estado que, normalmente, desagradam à população e que podem gerar alguma forma de represália.”

Deltan foi condenado a pagar R$ 75 mil de indenização por dano moral ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela divulgação da denúncia do triplex no Guarujá. Lula foi acusado de liderar uma organização criminosa.

O então procurador Deltan Dallagnol e a apresentação de PowerPoint usada para detalhar denúncia contra o ex-presidente Lula.  Foto: Rodolfo Buhrer/Fotoarena

A condenação foi imposta pelos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Eles concluíram que houve “excesso” no detalhamento da denúncia à imprensa e que o ex-procurador ofendeu a honra e a reputação do petista.

Publicidade

Para a AGU, a “inconstitucionalidade” da decisão é “flagrante ou chapada” e, por isso, o Supremo Tribunal Federal deve intervir.

“Não há, importante que se diga, nem mesmo espaço para a justificativa apresentada pelo STJ para afirmar um suposto distinguish na hipótese, sob o argumento de que a parte ré teria atuado com abuso de direito ou no exercício irregular de seu ofício.”

Braço jurídico do governo, a Advocacia-Geral da União atua na defesa do ex-procurador, um dos maiores desafetos de Lula, por força de sua missão constitucional. O órgão tem autorização para representar judicialmente autoridades, mesmo após deixarem os cargos, quando o processo envolver atos praticados no exercício da função pública. O ex-procurador se desligou do Ministério Público Federal em 2021.

O recurso da AGU foi enviado ao gabinete da ministra Cármen Lúcia. Ela já negou um primeiro recurso contra a condenação. O argumento foi processual. A ministra justificou que a decisão do STJ foi fundamentada e que o STF não poderia analisar as novamente provas.

A Advocacia-Geral da União pede que Cármen Lúcia reconsidere a decisão e declare o processo extinto ou envie a ação para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) fazer um novo acórdão.

Publicidade

Um recurso semelhante apresentado pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) também aguarda julgamento.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.