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Alexandre manda PF apreender passaporte, celular, armas e vasculhar ‘cômodos secretos’ de Zambelli

Ministro determinou também busca em veículos, análise do conteúdo de dispositivos e apreensão de bens em valores superiores a R$ 10 mil, além de afastar sigilo bancário dos investigados

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Foto do author Rubens Anater
Atualização:

Na decisão que deflagrou a Operação 3FA — investigação sobre suposta invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça —, nesta quarta-feira, 2, o ministro Alexandre de Moraes ordenou a busca e apreensão de ‘armas, munições, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos, passaporte, bem como de quaisquer outros materiais relacionados aos fatos aqui descritos’ em quatro endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli.

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A determinação de busca e apreensão em endereços da parlamentar e de mais três pessoas supostamente envolvidas soma-se à prisão preventiva do hacker Walter Delgatti que ocorreu nesta quarta-feira, também no bojo da operação. Foi, inclusive, um depoimento de Delgatti dado à PF em 27 de junho que pôs em movimento a operação desta quarta.

Os cinco citados na decisão de Moraes são alvos de investigação por suposta invasão dos sistemas do CNJ, além da inserção de ordem de prisão fraudulenta contra o ministro e de alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

A deputada Carla Zambelli foi alvo de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira, 2.  Foto: Wilton Junior/Estadão

Em sua decisão, Moraes determina que, além dos itens citados, os agentes devem apreender ‘dinheiro e bens (joias, veículos, obras de arte e outros objetos) em valores superiores a R$ 10 mil’, a não ser que os acusados possam comprovar a origem lícita dos itens e valores.

Alexandre de Moraes determinou busca e apreensão em endereços da deputada Carla Zambelli e mais três pessoas supostamente envolvidas Foto: Reprodução/Decisão de Alexandre de Moraes

O ministro ordena também que a PF verifique ‘a existência de eventuais cômodos secretos ou salas reservadas’ nos endereços e que estenda as buscas para veículos presentes nos endereços. Eles devem, ainda, acessar e analisar conteúdos armazenados em dispositivos eletrônicos de qualquer natureza, assim como em serviços digitais de armazenamento em nuvem.

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Caso os acusados não estejam no local da realização da busca, Moraes determina que haja busca pessoal, com ‘apreensão de armas, munições, objetos e dispositivos eletrônicos de que tenham a posse, bem como a busca em quartos de hotéis, motéis e outras hospedagens temporárias onde o investigado tenha se instalado’. O mesmo vale para veículos, ‘caso o investigado esteja em deslocamento’.

Policias Federais deixam o prédio onde fica o apartamento da deputada Carla Zambelli na asa sul de Brasília.  Foto: Wilton Junior/Estadão

Se houver quaisquer outras pessoas presentes durante o cumprimento da ordem, os agentes também podem realizar busca pessoal em desfavor delas, caso ‘recaia suspeita de que estejam na posse de armas proibidas, objetos ou papéis que interessem à investigação’.

Por fim, o ministro declarou afastamento do sigilo bancário dos acusados.

Delgatti, Zambelli e aliados

Além da deputada Carla Zambelli e de Walter Delgatti Neto, conhecido como o ‘hacker da Lava Jato’, a decisão de Alexandre de Moraes envolve três outros indivíduos. Renan César Silva Goulart e Jean Hernani Guimarães Vilela são pessoas próximas de Zambelli — servidores comissionados de seu próprio gabinete parlamentar e do gabinete de seu irmão, o deputado estadual Bruno Zambelli. Segundo a investigação, Goulart e Vilela teriam sido responsáveis pelo envio de R$ 13.500 a Delgatti em pagamento por seus serviços.

Servidores dos gabinetes de Carla e Bruno Zambelli teriam sido responsáveis por pagar Delgatti via Pix Foto: Reprodução/Decisão de Alexandre de Moraes

O último investigado, Thiago Eliezer Martins Santos, é apontado como o possível autor da inserção dos alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão — Delgatti admitiu a autoria da ordem de prisão falsa contra Moraes, mas não dos alvarás de soltura. Santos é programador e foi preso na operação Spoofing deflagrada pela Polícia Federal em 2019 para investigar as invasões às contas de Telegram de autoridades e pessoas relacionadas à Operação Lava Jato, como o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol.

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O hacker Walter Delgatti admitiu ter falsificado mandato de prisão contra Alexandre de Moraes, mas apontou Thiago Eliezer Martins Santos como possível responsável pelos dez mandatos de soltura. Foto: Reprodução/Decisão de Alexandre de Moraes
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