Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Defesa diz que Anderson Torres 'chora constantemente' na prisão e volta a pedir liberdade

Ex-ministro trocou de advogados e tenta mais uma vez relaxamento da prisão preventiva decretada pelo Supremo Tribunal Federal na investigação sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro

PUBLICIDADE

Foto do author Rayssa Motta

A defesa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, voltou a pedir nesta segunda-feira, 10, a revogação de sua prisão preventiva.

PUBLICIDADE

O documento afirma que, desde que foi preso, o ex-ministro 'entrou em estado de tristeza profunda, chora constantemente, mal se alimenta e já perdeu 12 quilos'. Também menciona que a mãe dele passa por um tratamento de câncer e que as filhas passaram a receber acompanhamento psicológico.

Anderson Torres está preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito sobre o papel de autoridades nos atos golpistas na Praça dos Três Poderes. A decisão que mandou prendê-lo, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, citou 'descaso' e 'conivência' com os radicais.

O ex-ministro trocou de advogados e tenta mais uma vez a liberdade provisória. O primeiro pedido foi negado por Moraes no mês passado. Ele agora é representado por Eumar Novacki, Raphael Vianna de Menezes, Edson Smaniotto e Fábio Fernandez.

"A medida de repressão adotada - necessária naquele momento - não mais se justifica na hodierna conjuntura. Deveras, passado o momento de maior inquietação, a verdade começa a se revelar e as investigações em curso já apontam para a ausência de qualquer conduta criminosa do ex-secretário Anderson", diz um trecho do documento.

Publicidade

Anderson Torres. Foto: TOM COSTA/MJSP

A defesa afirma que ele tem 'bons antecedentes' e não oferece 'periculosidade social'. Outro argumento é que as medidas cautelares impostas contra outras autoridades, como o afastamento do governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha e a prisão do ex-comandante da Polícia Militar do DF Fábio Augusto Vieira, foram revogadas.

"Anderson Torres, dos três inicialmente acautelados, é o único que não ocupa mais cargo na administração do Distrito Federal e que, com muito mais razão, não teria qualquer condição de interferir no curso das investigações ainda em andamento, que, a propósito, já caminham para a sua", afirmam.

Os advogados voltaram a dizer que as informações repassadas a Anderson Torres pelo setor de inteligência não apontavam a 'magnitude dos atos que viriam a ocorrer'. Para rebater a acusação de omissão, a defesa reiterou que um protocolo de ações integradas foi produzido com base nos dados disponibilizados até então.

Outra estratégia reciclada para tentar afastar a acusação de omissão é que a Secretaria de Segurança Pública não tem como atribuição a execução de atividades operacionais.

O documento reserva um capítulo para a minuta golpista apreendida pela Polícia Federal (PF) na casa do ex-ministro. O rascunho previa uma intervenção do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de uma comissão formada majoritariamente por membros do Ministério da Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular o resultado da eleição.

Publicidade

Os advogados de Anderson Torres afirmam que 'se pretendeu dar valor muito maior (ao documento) do que seria possível' e que a narrativa de insurgência contra o resultado eleitoral é 'absolutamente inverossímil'.

"A existência da minuta não pode mais ser empecilho à liberdade do requerente pelo fato de já ter sido devidamente periciada e desacreditada", afirmam.

"Trata-se de um papel apócrifo - sem validade jurídica, encapsulado em época de poder e administração já ultrapassada, e que, para sua eficácia normativa, se aperfeiçoado em demasia, demandaria o placet do Congresso Nacional - no exíguo prazo definido no art. 136, §6o, da Carta Política - configurando, de qualquer dos pontos de onde se pretenda observar, mera cogitação ad terrorem e insubsistente, incapaz de causar dano concreto, motivo pelo qual não deveria ser levada em consideração para persistência da prisão do requerente."

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.