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Aras muda de ideia e pede a Fachin para suspender inquérito das fake news

Pedido veio após bolsonaristas terem celulares e computadores recolhidos em operação da Polícia Federal deflagrada nesta quarta no âmbito da investigação; PGR se manifestou em ação da Rede Sustentabilidade, de março do ano passado, que agora pode beneficiar apoiadores do presidente

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Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Pepita Ortega
Por Rayssa Motta, Pepita Ortega, Rafael Moraes Moura e Paulo Roberto Netto
Atualização:
O procurador-geral da República, Augusto Aras, durante cerimônia de posse em Brasília. Foto: Dida Sampaio / Estadão

O procurador-geral da República, Augusto Aras, mudou de posição e pediu ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a suspensão do inquérito da fake news. O pedido veio após apoiadores bolsonaristas terem celulares e computadores recolhidos em uma operação da Polícia Federal deflagrada nesta quarta, 27, no âmbito da investigação.

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O inquérito sigiloso foi aberto em março do ano passado para apurar ameaças, ofensas e fake news disparadas contra os integrantes do Supremo e seus familiares. Desde o início, a investigação sofreu forte oposição do Ministério Público Federal por ter ter sido iniciada de ofício (sem provocação de outro órgão) pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli.

Com a mudança do titular da Procuradoria-Geral da República (PGR), em setembro, foi alterada também a postura da instituição em relação ao inquérito. Aras disse que Toffoli, ao determinar a abertura da apuração, "exerceu regularmente as atribuições que lhe foram concedidas" pelo Regimento Interno do Supremo. Agora, o PGR mudou de ideia e pediu a suspensão do inquérito.

No documento, Aras afirma que a Procuradoria-Geral da República foi "surpreendida" com a operação de hoje, realizada "sem a participação, supervisão ou anuência prévia do órgão". Na visão dele, isso "reforça a necessidade de se conferir segurança jurídica" ao inquérito, "com a preservação das prerrogativas institucionais do Ministério Público de garantias fundamentais, evitando-se diligências desnecessárias, que possam eventualmente trazer constrangimentos desproporcionais".

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No pedido de hoje, Aras se posicionou no âmbito de uma ação da Rede Sustentabilidade, enviada em março de 2019 ao ministro Edson Fachin, na qual o partido pedia que fosse declarada inconstitucional a portaria de instauração do inquérito. O chefe do Ministério Público, no entanto, já havia enviado parecer nessa mesma ação, em outubro do ano passado, pelo prosseguimento das investigações. Se o pedido de Aras for aceito por Fachin, a ação impetrada pela oposição acabará beneficiando apoiadores bolsonaristas.

Em maio do ano passado, no entanto, Fachin decidiu levar ao plenário da Corte o pedido de medida liminar do partido Rede Sustentabilidade para suspender o inquérito das fake news. A data do julgamento até hoje não foi marcada.

Esclarecimento. Após a mudança na opinião da PGR, a Rede pediu que Aras seja intimado para se manifestar "definitivamente" sobre as contradições em seus pareceres,  "esclarecendo, eventualmente, as razões de sua repentina mudança de entendimento".

"Se nada mudou sob o panorama jurídico, o que pode ter justificado a guinada da opinião da eminente Procuradoria-Geral da República? É melhor, com a devida vênia sempre merecida, sequer elucubrar sobre os motivos para essa abrupta mudança de rumos nas opiniões técnico-jurídicas da Procuradoria", afirmaram os advogados da Rede.

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