O autoproclamado presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, chamou de volta o embaixador de seu país Manuel Vadell. Na diplomacia, símbolos são carregados de significados explícitos. Com isso, Maduro expressa sua insatisfação com a posição brasileira em impedir o ingresso do país vizinho ao grupo dos BRICS.
É importante destacar que o veto brasileiro não foi ocasionado por consciência e ação do atual presidente. Lula deu reiteradas provas de tolerância e conivência com o ditador. Não podemos esquecer que o seu partido recentemente assinou um documento que defende a tomada do poder por Nicolás Maduro mesmo diante de todos os abusos e fraudes eleitorais expostos pela mídia internacional.
Mas, se Maduro não considera a vontade de seu próprio povo, respeitará quem? Por isso prende adversários, expulsa representantes de outras nações e utiliza o poder público para seu interesse privado. Nesse contexto, não foi Lula, mas o governo brasileiro quem atendeu a exigência dos mesmos requisitos que já haviam suspendido a Venezuela do Mercosul, bloco onde Brasil é líder e fundador.
Agora, em nova manifestação de petulância, Maduro ameaça o Brasil declarando que irá tomar medidas necessárias. Como Senador da República e profundo conhecedor dos efeitos que essa crise acarreta ao povo brasileiro, sobretudo nas regiões de fronteira como é o caso do meu estado de Roraima, me antecipo e coloco publicamente algumas atitudes necessárias que Maduro deveria tomar em relação ao nosso país por exigência do governo brasileiro:
Primeiro, pagar quase 15 bilhões de reais em dívidas entre valores a vencer e calotes já aplicados pelo governo de chavista. Esse dinheiro pertence ao cidadão brasileiro.
Em segundo lugar, cabe a Nicolás Maduro pedir desculpas aos brasileiros pelas reiteradas ofensas que tem feito ao nosso sistema eleitoral e a nossa soberania quando diz textualmente que o país é mero cumpridor de ordens e interesses norte-americanos.
A terceira das medidas necessárias que o ditador precisa urgentemente tomar é oferecer mínimas condições para que seus cidadãos retornem ao seu país de origem. Gente que fugiu da fome, da violência e do descrédito em relação ao futuro. Hoje, praticamente ¼ da população que vive em Roraima é oriundo da Venezuela. Sobre isso, é uma medida mais que necessária que o governo venezuelano seja responsabilizado pelo menos em parte, pelos custos excessivos de cuidados humanitários com saúde, alimentação, moradia, segurança e outros atendimentos sociais bancados pelo governo estadual através dos impostos pagos pelos brasileiros.
Outra medida necessária que o ditador Maduro precisa tomar é reprimir fortemente o crime organizado em seu país. Já foram identificadas pelo menos 2 facções venezuelanas agindo em nosso território. Mais que isso, recentemente, a Polícia Federal derrubou um esquema de fraudes para desviar benefícios e aposentadorias que custaram aos cofres brasileiros mais de 30 milhões de reais.
A lista de medidas necessárias a serem cumpridas por Maduro em relação ao Brasil é longa. Nota-se que o ditador não está em posição de condenar, praguejar ou ameaçar o nosso país. Mas, nesse campo, a culpa não é exclusiva de Maduro. Ele expõe e ridiculariza o nosso país porque sabe que está seguro. Conhecedor da fraca disposição do governo Lula em opor-se a ditaduras, Maduro faz do governo brasileiro seu sparring perfeito. Estimulado pelo silêncio de Lula, Maduro fustiga, agride e ofende a todos nós brasileiros, criando uma cômoda cortina de fumaça para seus graves problemas internos.
Somos a maior democracia do hemisfério sul. A décima economia do planeta. Temos a mais poderosa força militar da América Latina. Uma voz reconhecida pelo seu pacifismo mas respeitada pelo seu tamanho. Só nos falta um presidente que atue de acordo com a importância e grandeza do seu cargo. Que não permita os constantes ataques, ameaças e humilhações a que nosso país tem sido exposto. Quem enfim, ao menos honre os versos do nosso hino que dizem “verás que um filho teu não foge a luta”.
Não queremos com isso, inflar o conflito. Mas restabelecer o respeito que salvaguarda a paz.
Convidado deste artigo
As informações e opiniões formadas neste artigo são de responsabilidade única do autor.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.