Um assessor do deputado federal Gustavo Gayer, investigado por desviar cota parlamentar para bancar suas empresas, reconheceu a gravidade das irregularidades que aconteciam no escritório político do parlamentar e Goiânia. Ele temia que, se as suspeitas de peculato viessem à tona, Gayer vivesse situação semelhante a uma investigada que, em 2015, fugiu nas ruas de Goiás, criando o meme ‘senhora, senhora’.
Nas redes sociais, o deputado destacou o fato de a investigação contra ele ir às ruas nesta sexta-feira, 25, dois dias antes do segundo turno das eleições, “da qual seu candidato participa em Goiânia”. Segundo o parlamentar, as buscas visam “claramente prejudicar seu candidato”. “Vieram na minha casa, levaram meu celular, meu HD. Essa democracia relativa está custando caro”, bradou, dizendo não saber do que trata a investigação.
A referência ao meme ‘senhora, senhora’ aparece na mensagem trocada entre João Paulo Cavalcante, que atua como assessor do deputado, e Marco Aurelio Nascimento, secretário parlamentar. “A escola está sendo paga com recuso público e tá sendo usada para um fim totalmente que tipo num existe né, num tem como ser assim e aí eles vão levando ou seja ainda não entenderam a gravidade sabe”, diz João.
Em seguida, vem a brincadeira: “Moço, pra esse povo já vai ter alguém ali na porta fiscalizando... filmando... vai ser igual o caso aquela mulher do popular né na assembleia.... senhora, senhora, senhora. Num tem jeito vei o povo vai pra cima mesmo”.
O diálogo faz referência a uma reportagem de 2015, exibida pela TV Anhanguera, afiliada da TV Globo de Goiás, que viralizou nas redes sociais e é relembrada até hoje. Na época, uma repórter pediu explicações a uma funcionária pública que havia batido ponto e deixado o trabalho, mas a mulher fugiu. A repórter então correu atrás dela dizendo: “Senhora? Senhora?”.
João chega a dizer que Gayer seria um “alvo” fácil e reconhece a ilegalidade. “O Gustavo hoje ele é uma vidraça ele é um alvo e se for pra cima moço infelizmente a gente tá tipo errando né. Nesse sentido a gente tá pregando uma coisa e tá vivendo outra... infelizmente a gente tem muitas coisas erradas acontecendo aí”.
Os diálogos foram encontrados no celular de João, que foi preso sob suspeita de ter financiado, incitado e participado do 8 de janeiro. Segundo a PF, no aparelho do assessor foram colhidos “elementos informativos do desvio de recursos públicos para a prática dos atos antidemocráticos, prática levada a efeito conjuntamente com Gustavo Gayer”.
Segundo a Polícia Federal, João Paulo teria usado uma empresa de marketing, contratada pelo gabinete de Gayer, para “burlar vedação legal à sua contratação como Assessor Parlamentar, uma vez que não preencheria os requisitos exigidos”. João gerenciava a agenda do deputado federal, contrariando os termos das notas fiscais emitidas em nome de sua empresa, segundo a PF.
O inquérito aponta que João Paulo de Sousa Cavalcante recebeu pelos serviços, por intermédio de sua empresa, o valor total de R$24 mil, em 3 parcelas mensais de R$8 mil, nos meses de março, abril e maio.
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