O empresário e economista Eduardo Fauzi, suspeito de participar do ataque com coquetéis molotov à sede da produtora do Porta dos Fundos, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, foi extraditado da Rússia para o Brasil. O processo teve início na quarta-feira, 2, e foi concluído na noite desta quinta.
O Estadão apurou que ele foi trazido de Moscou, capital russa, e será colocado à disposição da Justiça do Rio. A extradição estava autorizada desde janeiro e não tem relação com a guerra travada entre a Rússia e a Ucrânia. Uma audiência de custódia deve acontecer nesta sexta-feira, 4, segundo os advogados Diego Moretti e Bruno Ribeiro.
"Neste momento, qualquer tentativa de imputar a Eduardo o crime de tentativa de homicídio pelo dolo eventual beira a tetralogia jurídica, isso falando com muita tranquilidade e respeito às autoridades que assim o pensam", afirmam ao blog.
A defesa também entrou com um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedindo que Fauzi seja colocado em liberdade.
"Até pela demora desse processo - não por culpa da defesa e muito menos por culpa de Eduardo. O próximo passo agora é que ele responda pelo que cometeu e se cometeu", acrescentam os advogados.
O economista deixou o Brasil em 29 de dezembro de 2019, cinco dias após o ataque ao grupo de humor, que aconteceu na véspera do Natal, e um dia antes da Justiça decretar sua prisão. Desde então, passou a integrar a lista de Difusão Vermelha da Interpol.
A prisão aconteceu em setembro de 2020 no Aeroporto Internacional de Koltsovo, em Ekaterinburg, na Rússia. Desde então, o Núcleo de Cooperação Internacional da Polícia Federal iniciou os trâmites para que ele fosse trazido de volta ao País.
Ataque
Fauzi foi identificado como um dos cinco autores do atentado ao Porta dos Fundos após ter sido flagrado por câmeras de segurança deixando o carro usado na fuga. O grupo lançou bombas na fachada da sede da produtora na madrugada de 24 de dezembro, mas o fogo foi contido por um dos seguranças (assista abaixo) e ninguém ficou ferido.
Na época, o canal de humor era alvo de críticas em razão do lançamento do especial de Natal A Primeira Tentação de Cristo, na Netflix. A produção mostra um Cristo gay, interpretado por Gregório Duvivier, com um namorado. Um abaixo-assinado online chegou a pedir a retirada do programa da plataforma de streaming, sem sucesso. Ações judiciais também foram ajuizadas, mas decisões da Justiça do Rio e de São Paulo arquivaram os pedidos.
Dias após o ataque, o economista chegou a gravar um vídeo, divulgado nas redes sociais, em que chamou os humoristas de 'intolerantes'. No registro, ele diz que 'quem fala mal do nome de Cristo prega contra o povo brasileiro'. "Esse é um crime de lesa-pátria. Eles são criminosos, são marginais, são bandidos", afirmou.
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