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Opinião | Atrocidades e perseguições no Dia Internacional da Mulher

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convidado
Por Ney Lopes
Atualização:

Hoje, Dia Internacional da Mulher é feriado nacional em muitos países, incluindo a Rússia, onde dobram as vendas de flores. Na China, as mulheres recebem meio dia de folga. Chega a hora da homenagem à “causa feminista universal” transformar-se na necessidade de conscientização global das atrocidades e perseguições, que ainda ocorrem no regime Talibã, do Afeganistão, que é uma organização fundamentalista sunita (ideologia política e religiosa fundamentalista que sustenta o Islã), surgida em 1994, durante a Guerra Civil Afegã. O grupo “radical” foi financiado pelo Estados Unidos, na luta contra os soviéticos, durante a Guerra de 1979.

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No Afeganistão, a população sofre fome há décadas, guerra e terror. A situação no país se deteriorou drasticamente em agosto de 2021, quando o Talibã assumiu o poder. O governo mantém uma série de decretos, limitando o emprego para as “mulheres”; vedando viagens sem guardião masculino; código-avaliação da vestimenta permitida; e proibição da educação das meninas, a partir do sexto ano. Essas meninas mais velhas, antes de serem proibidas, não podem sentar na escola com alunos do sexo masculino. Imagine-se o impacto na mente de uma jovem, sendo impedida em pleno século XXI, de expandir os seus horizontes e perseguir sonhos, pela sombria presença do Talibã.

Meninas afegãs se reúnem todos os dias no porão de um prédio em Cabul para continuarem os seus estudos. A professora é uma aluna veterana, que lhes ensina matemática. A escola está escondida do mundo exterior – as portas e janelas sempre fechadas para que ninguém possa ver ou ouvir as alunas. Muitos pais estão determinados a educar suas filhas e assumem riscos da repressão. Os alunos fazem diferentes caminhos nas ruas para ingressarem nas aulas, em horários diferentes, fugindo das autoridades. Não há carteiras, nem cadeiras na sala de aula. As meninas sentam-se em círculo, no chão. A Deutsche Welle (DW), rede de notícias alemães, constatou em reportagem, essa triste realidade.

Algumas universidades públicas foram reabertas, com a permissão de acesso das mulheres, desde que os recintos de aula permaneçam segregados e baseados em princípios islâmicos. Ainda há casos de mulheres proibidas de frequência às universidades.

Sob o regime talibã, as mulheres são também privadas dos meios de subsistência de identidade, educação, emprego, lazer, desporto, acesso de igualdade e ajuda humanitária. Os talibãs ditam o que as mulheres devem ou fazer não na privacidade de suas casas, proibindo até ouvir música. Em decorrência, elas enfrentam problemas de saúde mental, incluindo medo, ansiedade, raiva, desamparo, insónia, pensamentos suicidas e de automutilação.

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Muitos espancamentos e ataques continuam direcionados a mulheres e meninas. Na verdade, um “genocídio silencioso”. Indaga-se o que a comunidade internacional poderá fazer? Talvez, apenas continuar a exercer a pressão pública e privada. Este propósito deve ser renovado, hoje, na data do Dia Internacional da Mulher.

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Ney Lopes
Jornalista, advogado, ex-deputado federal, relator-geral e autor do substitutivo final da Lei de Patentes, na Câmara dos Deputados, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, procurador federal
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