Ao pedir a prisão do general do Walter Braga Netto, a Polícia Federal (PF) apontou que ele financiou a ação dos oficiais das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, para matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin, em 2022.
Braga Netto teria entregado recursos aos golpistas em uma sacola de vinho. A informação foi repassada pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, em sua delação.
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“Braga Netto também teria atuado de forma direta e pessoal no financiamento das ações ilícitas, fornecendo recursos financeiros em uma sacola de vinho, ratificando sua atuação preponderante na execução dos atos criminosos”, afirma a PF.
O dinheiro teria sido entregue ao major Rafael Martins de Oliveira, preso na Operação Contragolpe, e serviria para o “financiamento das despesas necessárias a realização da operação”.
Em depoimento, Mauro Cid afirmou, segundo o próprio Braga Netto, o dinheiro “havia sido obtido junto ao pessoal do agronegócio”. A Polícia Federal não identifica quem teria enviado o dinheiro.
Além disso, a casa do ex-ministro, em Brasília, teria sido usada para planejar a missão golpista, em novembro de 2022. O general é apontado como um interlocutor dos kids pretos com o Palácio do Planalto.
Outra suspeita da PF é a de que o ex-ministro tenha agido para atrapalhar as investigações. Segundo a Polícia Federal, o general tentou obter informações sigilosas sobre a delação de Mauro Cid, além de alinhar versões com outros investigados.
Mauro Cid implicou Braga Netto em sua colaboração premiada. A delação estava sob ameaça de rescisão, até que o tenente-coronel mudou de estratégia e resolveu entregar o ex-ministro, em depoimento prestado diretamente a Alexandre de Moraes. Mauro Cid admitiu que “não só ele (Braga Netto) como outros intermediários tentaram saber” o que ele disse na delação.
A investigação aponta que Braga Netto fez contato por telefone com o general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, para controlar o que seria repassado aos investigadores e manter aliados informados.
A PF também encontrou um documento com perguntas e respostas sobre a delação de Mauro Cid na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor de Braga Netto, na sede do Partido Liberal (PL). O assessor foi alvo de buscas neste sábado.
Além da prisão preventiva, Moraes também autorizou buscas nos endereços de Braga Netto. O general passará por audiência de custódia, às 14 horas, por videoconferência.
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