O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) estreou no campo das bets ao aprovar a primeira operação de aquisição de empresas de apostas eletrônicas que entraram na mira do governo depois da explosão desse mercado anotado recentemente.
Para especialistas, é a primeira de muitas transações que deverão aportar nos próximos meses no Conselho, principalmente após a criação de regras mais rígidas.A nova onda não será exatamente surpresa. “O mercado ainda é muito pulverizado e é natural que ocorram operações de união entre as bets, sobretudo no caso das empresas que não receberem autorização para funcionamento pelo Ministério da Fazenda”, assinala o advogado Ednei Nascimento da Silva.
Nascimento atuou durante 18 anos no Cade. Ele chegou a liderar a análise de casos sumários de fusão e aquisição de empresas, como o das bets. Para ele, já era esperada a aprovação da transação entre uma multinacional irlandesa e uma empresa brasileira. Pelo acordo, os europeus adquiriram 56% da companhia nacional.”É bastante provável que as empresas ainda possuam participações de mercado inferiores a 20%”, avalia Ednei Nascimento da Silva, ao comentar sobre o limite de concentração que deve alertar o Cade. “A luz amarela começa a acender quando esses 20% são superados.”Daí a aprovação sem restrições, segundo o especialista. O anúncio da operação havia sido divulgado em setembro, com valor de US$ 350 milhões.
Apesar de o novo grupo, após a aquisição, ser a quarta maior operadora no Brasil, nem ele nem os irlandeses unidos vão superar, pelo menos por ora, os 20% de share. “Os próximos passos do mercado serão decisivos para analisar como as empresas que ficarão vão assumir a demanda por apostas daquelas que não atenderam às novas regras do Ministério da Fazenda”, diz.
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