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Opinião | CipTEA: dois anos de avanços para as pessoas com autismo

Assim como as peças de um quebra-cabeça, as políticas públicas só fazem sentido quando unimos forças com a sociedade civil e, principalmente, com as famílias das pessoas com TEA

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convidado
Por Marcos da Costa

Há dois anos, o Estado de São Paulo deu um importante passo para ampliar a inclusão e garantir voz às pessoas com autismo e a seus familiares. Por determinação do governador Tarcísio de Freitas, a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência coordenou um trabalho multidisciplinar com diversas pastas do governo para integrar ações e implementar novas políticas públicas voltadas a esse público. Dessa articulação nasceu a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CipTEA), um documento essencial para assegurar reconhecimento e inclusão às pessoas autistas.

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Nesta semana, em que celebramos o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, em 2 de abril, comemoramos também a marca de 100 mil CipTEA emitidas de forma ágil e desburocratizada. O documento pode ser solicitado por meio de um portal on-line acessível e intuitivo. Este resultado é motivo de celebração, pois reflete uma transformação significativa: uma população que por muito tempo foi invisibilizada passa, cada vez mais, a ter seus direitos reconhecidos e respeitados.

Para quem convive com o autismo, seja pessoalmente ou como familiar — grupo no qual me incluo —, ter um documento que identifica essa condição faz toda a diferença. O Transtorno do Espectro Autista não apresenta características físicas evidentes, o que muitas vezes dificulta a compreensão da sociedade sobre a necessidade de atenção e prioridade. Aqueles que necessitam de um grau menor de suporte, por exemplo, enfrenta constantemente o desafio de justificar sua condição. A CipTEA vem justamente para eliminar essa barreira, garantindo direitos e proporcionando um atendimento mais digno e respeitoso.

Hoje, com 100 mil carteiras emitidas, podemos observar o impacto positivo dessa iniciativa na vida das pessoas com TEA e de suas famílias. Relatos demonstram que a CipTEA tem facilitado atendimentos em estabelecimentos públicos e privados, promovendo mais autonomia, acolhimento e respeito.

No entanto, a verdadeira chave para o sucesso dessa política pública está na empatia. De nada adianta um documento se as pessoas e instituições não souberem o que ele representa. Por isso, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência tem investido fortemente na divulgação da CipTEA, utilizando imprensa, redes sociais e campanhas em espaços públicos, como o transporte coletivo. Além disso, estamos disseminando informações sobre o cordão de girassol — símbolo internacional das deficiências ocultas — e o selo de identificação veicular, reforçando uma mensagem essencial: seja gentil.

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O Governo do Estado segue comprometido com a ampliação desse programa, fortalecendo a rede de acolhimento e aprimorando o sistema. O recado é claro: o autismo não deve ser tratado como uma incapacidade, mas como uma condição humana que precisa ser respeitada e incluída. Por isso, investimos na criação de espaços sensoriais em 27 unidades do Poupatempo e em três estações de trem, com planos de expansão para ampliar ainda mais essa rede de apoio.

Com a CipTEA, São Paulo avança na construção de uma sociedade mais inclusiva e acessível. Dois anos podem parecer pouco diante de uma longa trajetória de luta por direitos, mas cada passo conta. Assim como as peças de um quebra-cabeça, as políticas públicas só fazem sentido quando unimos forças com a sociedade civil e, principalmente, com as famílias das pessoas com TEA. Juntos, estamos garantindo avanços concretos na qualidade de vida de milhares de pessoas.

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Marcos da Costa
Secretário de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Foto: Arquivo pessoal
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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.

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