O advogado Reinaldo Américo Ortigara, conselheiro da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT), é alvo de uma investigação disciplinar por ofender colegas com declarações machistas e homofóbicas no grupo de WhatsApp da administração.
Procurado pelo Estadão, ele não se manifestou sobre o procedimento. O espaço está aberto.
O conselheiro compartilhou no grupo da OAB um meme em que um homem afirma que percebeu que a esposa estava morta porque “o sexo foi o mesmo, mas a louça começou a empilhar rapidamente”.
Colegas reagiram no grupo. Ortigara, no entanto, respondeu às críticas com mais ofensas. Ele chamou a reação de “mimimi”, “frescura” e “chatice aguda”. Também afirmou que “se vocês ficaram bravas, eu estou rindo”, “nem sei porque você está se doendo já que ali se trata de casamento hétero” e “uma pena, vocês, mulherada velha, se importando com piadinha boba”.
Uma advogada apresentou um pedido formal de providências. O caso foi encaminhado pela presidente OAB de Mato Grosso, Gisela Alves Cardoso, à Corregedoria em abril, mas veio a público nesta semana pelas mãos da oposição. As eleições da OAB estão marcadas para a segunda quinzena de novembro.
No dia 27 de agosto, o corregedor Maurício Magalhães intimou o conselheiro a prestar esclarecimentos. O prazo para manifestação termina em outubro.
Em nota, a presidente da OAB em Mato Grosso informou que “repudia qualquer tipo de comentário de discriminação ou sexismo em qualquer discussão, sempre exigindo respeito nos quadros, como fez no ato do ocorrido no grupo de WhatsApp e no pedido de instauração ao Corregedor-Geral”.
A advogada Xênia Guerra, presidente da subseção da OAB em Sinop, que pretende disputar o comando da seccional, usou as redes sociais para cobrar a conclusão do procedimento.
“A decisão continua pendente, mesmo diante da gravidade dos fatos narrados. A demora na tramitação do pedido pode configurar omissão por parte do órgão”, afirma.
Ortigara comentou a publicação da advogada nas redes sociais: “Quanto vitimismo por causa de uma brincadeira de 5ª série”, escreveu.
Não é a primeira polêmica envolvendo o conselheiro. Em 2019, ele foi preso com uma arma no estacionamento de um shopping após uma briga.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.