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Opinião | Constelação familiar na Justiça: mito ou verdade?

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convidado
Por Fábio Rodrigues Lima*
Atualização:
Fábio Rodrigues Lima Foto: Arquivo pessoal

Disse Maria em uma das oficinas de constelação familiar na penitenciária que cumpria sua pena: “embora presa, nunca imaginei que me sentiria tão livre”. O método permitiu a Maria se reconciliar com dinâmicas que a impediam de se relacionar de forma saudável com seus filhos e com a dependência química.

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A exemplo de Maria, centenas de outros projetos pelo país beneficiam inúmeras pessoas nas áreas da saúde, justiça, educação, empresarial e outras, visando ampliar a consciência das pessoas frente a seus conflitos.

Podemos viver a exata repetição de padrões e desordens. Ou nos abrir ao novo e à riqueza de cada situação difícil que a vida nos traz.

Ao lado de tantos outros saberes, a constelação familiar é uma ferramenta complementar que amplia este nosso olhar. Através de uma dinâmica vivencial, pessoas ou objetos vão representar aspectos da vida do cliente rumo a uma solução.

Mas sua aplicação vai muito além de uma oficina terapêutica. Por meio de sua Postura Sistêmica, vivenciamos uma postura interna que nos alinha aos nossos desafios pessoais, profissionais e sociais. Em nossa profissão, pex, esta postura otimiza o atendimento ao público, a integração de equipes e empodera as pessoas sobre sua responsabilidade pelo consenso, ao invés da escalada do conflito. No Direito, humaniza-se o diálogo e as relações desde o contato inicial com as partes, a elaboração da inicial, até a audiência e atos processuais.

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Trata-se de uma nova forma de estar e de se relacionar consigo, com o outro e com a vida, conectando-nos com o nosso propósito e poder pessoal.

Sepultar a prática das Constelações Familiares na Justiça é sepultar centenas de iniciativas e projetos sérios no país.

Contudo, não é possível se analisar o método sob a ótica lógica dedutiva. Por se tratar de uma ferramenta vivencial, ou você se abre à experiência e experimenta compreensões além da mente, ou você não tem abertura e entrega, e não acessará o saber.

O método não conduz a respostas prontas, não é impositivo e não tem base patriarcal. Também não visa reconciliação forçada, perdão ou minimizar abusos ou revitimização, salvo se o cliente não tiver abertura e for ‘forçado’ a participar, já que em seu íntimo não buscará uma solução, mas aliados ou culpados.

São necessários aperfeiçoamentos, porém: má formação de profissionais devido a sua popularização, encaminhamento de partes não abertas ao método, falta de regramentos claros estão entre os desafios da prática.

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O Sistema de Justiça já é escasso em meios que ampliam a consciência das pessoas frente ao seu conflito. Temos um só remédio para vários tipos de doenças. Que possamos nos abrir ao novo, a criatividade e a abertura própria de nosso povo, ainda que com os aperfeiçoamentos necessários e os desafios cotidianos.

*Fábio Rodrigues Lima, promotor de Justiça em São José dos Campos/SP, é articulador de projetos com Constelação Familiar, Postura Sistêmica e Movimentos Essenciais, entre outros métodos complementares de resolução de conflitos

[1] Para informações sobre o Polo Irradiador de Cultura de Paz, acesse http://linktr.ee/ConstelaSJC

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