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Corregedoria da PF suspende por ‘deslealdade’ delegado que criticou ex-diretor-geral

Alexandre Saraiva, que chefiou a Polícia Federal no Amazonas, é acusado de ter sido “desleal com a instituição ao tentar destruir a reputação” de Paulo Maiurino; em âmbito disciplinar, delegado afirmou que é alvo de censura e que o procedimento da Corregedoria “tem a intenção de matar o mensageiro”

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Atualização:
'No meio de tanta desgraça patrocinada por um governo corrupto e insano que fez da PF gato e sapato', afirmou o delegado Alexandre Saraiva Foto: PEDRO KIRILOS / ESTADÃO

A Corregedoria Geral da Polícia Federal suspendeu por 31 dias o delegado Alexandre Saraiva, ex-superintendente regional da PF no Amazonas, sob acusação de ter “sido desleal com a instituição ao tentar destruir a reputação” do então diretor-geral da corporação Paulo Maiurino. A Corregedoria sustenta que, em 2021, Saraiva fez “publicamente, graves acusações (ao então DG), tecendo reiteradas críticas, sejam direta ou indiretamente, além de questionar atos praticados pela administração”.

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Saraiva não quis se manifestar à reportagem sobre a decisão da Corregedoria. O Estadão apurou que sua defesa vai recorrer.

Nas alegações apresentadas no bojo do procedimento disciplinar, às quais o Estadão teve acesso, o delegado argumentou ter sido alvo de “censura”. Ele afirmou que o procedimento “tem a intenção de matar o mensageiro”.

A conduta do ex-superintendente da corporação no Amazonas, que levou ao Supremo Tribunal Federal notícia-crime atribuindo ilícitos ao ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (Governo Bolsonaro), foram enquadradas como transgressão disciplinar e descumprimento de dever funcional.

O procedimento administrativo disciplinar conduzido pela Corregedoria foi aberto ainda no governo Bolsonaro.

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A punição publicada no Boletim de Serviços da PF se dá em razão de Saraiva ter enviado representação contra Paulo Maiurino diretamente à Corregedoria, “sem o conhecimento de seus superiores, ao arrepio dos princípios da hierarquia e disciplina que regem a instituição, descumprindo ainda norma geral do regime jurídico dos servidores públicos federais”.

A Corregedoria enquadrou Saraiva por declarações e entrevistas sobre sua exoneração da chefia da PF no Amazonas. Ele também fez críticas ao ex-diretor-geral - citando uma viagem que teria sido feita por Maiurino com um irmão à Tunísia e a suposta compra de um imóvel em Miami.

As declarações de Saraiva sobre Maiurino também foram alvo de questionamento na Justiça do Distrito Federal, que negou condenar o ex-chefe da PF no Amazonas por danos morais. A sentença a seu favor é destacada no documento da defesa de Saraiva entregue à Corregedoria da PF em maio.

Defesa

Na defesa que remeteu à Corregedoria na fase final do procedimento administrativo disciplinar, Saraiva questionou o fato de o caso tramitar naquele órgão e não na Corregedoria Regional, no Rio de Janeiro. O delegado invocou a tese que levou à anulação das ações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato.

A exemplo da defesa do petista perante o Supremo Tribunal Federal, Saraiva também diz ser alvo de lawfare. Ele sustenta que “nunca aconteceu antes, na Polícia Federal, de um servidor lotado em uma superintendência, local também dos fatos, responder a processo disciplinar em comissão da Corregedoria”.

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“Falando em imagem da instituição, sou acusado de ter causado danos à imagem da PF. No meio de tanta desgraça patrocinada por um governo corrupto e insano que fez da PF gato e sapato, de modo que perdemos credibilidade perante o povo brasileiro, e eu sou o culpado por ter causado danos à imagem!?”, questionou, no documento obtido pelo Estadão.

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