O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro recebeu, durante todo seu mandato, pelo menos 9.158 presentes - desde objetos cotidianos, como máscaras de proteção, canecas de chope e camisas de futebol, a artigos especiais, como um relógio de mesa cravejado com rubi e uma caneta da marca MontBlanc com pena em ouro 14K.
As informações constam do inventário de encerramento e entrega do acervo privado presidencial, elaborado pelo assessor do ex-chefe do Executivo Marcelo Câmara ao final do mandato de Bolsonaro. Alvo da Polícia Federal, o assessor foi designado pelo ex-presidente como seu ‘representante legal no que se refere aos acervos presidenciais privados’.
O documento foi revelado pelo repórter Bruno Tavares, da TV Globo. A reportagem também teve acesso ao inventário. A relação foi juntada aos autos da investigação aberta pela Polícia Federal em São Paulo para investigar as joias sauditas que acabaram retidas na unidade da Receita no Aeroporto de Guarulhos - caso revelado pelo Estadão.
O inquérito acabou remetido ao Supremo Tribunal Federal após a abertura da Operação Lucas 12:2, que investiga um suposto esquema de venda de presentes entregues a Bolsonaro enquanto chefe de Estado. Os investigadores veem indícios de que o ex-presidente, seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros dois assessores do ex-chefe do Executivo ‘atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-Presidente para posteriormente serem vendidos no exterior’.
O relatório apresenta as características dos presentes dados a Bolsonaro ao longo de seu mandato, seu estado de conversação, mas sem especificar quais foram para acervo público ou privado. Em alguns dos registros consta a indicação de que o objeto foi requisitado pelo ex-presidente antes mesmo do tratamento pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica, como uma caneta MontBlanc edição especial ‘Walt Disney’, um bóton de nióbio e uma escultura de Bolsonaro em madeira.
Com 1126 páginas, a lista traz objetos como: caixa térmica, espora, máscara de proteção, granada, alargador nasal, bola de futebol, camiseta, coldre, tábua de corte, vaso, placa, miniatura de carroça de boi, escultura de canhão, arara de pelúcia, caneca, cuia de chimarrão, boné, jaqueta, entre outros.
Na mesma relação aparecem presentes de alto valor, entre eles o conjunto de joias ‘rose gold’ no centro das investigações da Operação Lucas 12:2. Fora ele, são citados outros objetos que até então não tinham vindo a público, como um relógio de mesa confeccionado em prata de lei com banho de ouro, cravejado com diamantes, esmeraldas e rubis.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.