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Ao autorizar a terceira fase da Operação Ptolomeu, que levou ao afastamento de 25 servidores do Governo do Acre investigados por desvios em contratos públicos, a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), afirmou ver 'fundados indícios' de que o governador Gladson Cameli (PP) está por trás do suposto esquema de corrupção e seria o principal beneficiário do dinheiro apropriado.
"A Polícia Federal, auxiliada pela CGU (Controladoria-Geral da União), adotou técnicas avançadas de investigação e conseguiu, em curto espaço de tempo, produzir vasto material que aponta, em juízo superficial de cognição, para a existência do fumus comissi delicti, concretizado por meio de escuso esquema de dilapidação do erário", diz um trecho da decisão de Nancy.
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Além do afastamento dos servidores, pelo prazo inicial de 90 dias, a ministra suspendeu pelo mesmo período as atividades econômicas de empreiteiras ligadas a familiares do governador e autorizou o cumprimento de mandados de busca e apreensão, o bloqueio de bens e o afastamento do sigilo bancário e fiscal dos investigados.
A Polícia Federal (PF) pediu a decretação de prisões preventivas, o que foi negado pela ministra. Ela também decidiu manter Cameli nas funções com a justificava de que não há indicativos de que o governador tenha tentado usar o cargo para obstruir as investigações.
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Desde que a primeira fase da Operação Ptolomeu foi aberta, em dezembro de 2020, a Polícia Federal produziu 58 relatórios e interrogou dezenas de pessoas. As provas reunidas levaram à abertura de pelo menos seis novas frentes de investigação sobre 'cases' distintos.
Para os investigações, o governador é o 'líder' de uma 'estrutura ordenada' de corrupção formada por quatro núcleos:
- Político, integrado por servidores comissionados de alto escalão do Poder Executivo nomeados por Cameli;
- Familiar, formado por parentes do governador, inclusive o pai dele, Eládio Messias Cameli, e o irmão Gledson de Lima Cameli;
- Empresarial, do qual fariam parte as empresas Construtora Etam Ltda, Construtora Colorado Ltda, Construtora Rio Negro, Marmud Cameli & Cia Ltda e CZS Engenharia, ligadas a familiares do governador, que seriam usadas para desviar recursos de contratos com o poder público;
- Operacional, formado por pessoas físicas supostamente usadas para operacionalizar a lavagem do dinheiro desviado, por meio de operações com veículos e aeronaves, empresas interpostas, bancárias, imobiliárias e doações em espécie.
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O governador também é apontado como 'beneficiário central' dos supostos desvios e, segundo a investigação, comprou imóveis, carros e aeronaves com dinheiro público.
Relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) apontam que o prejuízo para os cofres do Acre podem chegar a mais de R$ 16,3 milhões.
Os investigados podem responder por crimes contra a administração pública, de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
COM A PALAVRA, O GOVERNADOR DO ACRE
Quando a terceira fase da Operação Ptolomeu foi deflagrada na quinta-feira, 9, o governador do Acre, Gladson Cameli, divulgou nota em que afirmou:
"A respeito das ações da Operação Ptolomeu, promovida pela Polícia Federal, o governador do Acre, Gladson Cameli, tem a declarar que:
"Essa é mais uma etapa da operação de mesmo nome. Com o andamento do processo, o governador confia que tudo será apurado e esclarecido;
Mais uma vez, o governador se coloca à disposição das autoridades, colaborando com mais essa etapa das investigações;
O governador reafirma o seu apoio e confiança na Justiça, para que a verdade sempre prevaleça."