O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou nesta terça-feira, 16, ter envolvimento nas fraudes no cartão de vacina dele e da filha, Laura, reveladas na Operação Venire.
Bolsonaro foi ouvido por cerca de quatro horas na sede da Polícia Federal em Brasília. É o depoimento mais longo do ex-presidente - ele já havia sido interrogado nas investigações sobre as joias apreendidas pela Receita Federal, caso revelado pelo Estadão, e sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.
Ao delegado Fábio Shor, Bolsonaro reafirmou que nunca se vacinou e que a filha também não foi imunizada, por orientação médica. Ele declarou que, como chefe de Estado, não precisava do certificado para entrar nos Estados Unidos. Já Laura, segundo ele, apresentou apenas um laudo médico que contraindicava a imunização. “Ao entrar nos EUA, sua filha se declarou como ‘não vacinada’ contra a covid-19″, diz o termo de depoimento.
O ex-presidente negou ter pedido a manipulação dos dados e declarou que não sabia das fraudes até a investigação da PF vir a público.
Bolsonaro respondeu também sobre a relação com seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, que está preso preventivamente. A versão do ex-presidente é que eles nunca conversaram sobre certificados de vacina. Ele afirmou que o tenente-coronel ‘sequer comentou’ sobre o assunto.
O ex-presidente foi questionado sobre quem tinha acesso à sua conta no aplicativo ConecteSUS. A plataforma foi usada por um computador registrado no Palácio do Planalto para emitir os cartões falsos de vacina em nome de Bolsonaro. A PF identificou ainda um acesso ao perfil pelo celular de Mauro Cid.
Bolsonaro disse que não sabe usar o aplicativo e atribuiu ao ex-ajudante de ordens a administração de sua conta, mas não soube dizer quem acessou o computador do Planalto. Afirmou ainda que, pelo horário da emissão do certificado, ‘dificilmente’ estava no Palácio. O ex-presidente fez uma ressalva e declarou que não acredita no envolvimento de Mauro Cid nas fraudes.
“Se Mauro Cid arquitetou (fraudes nos dados de vacinação) foi a revelia, sem qualquer conhecimento ou orientação do declarante (Bolsonaro)”, afirma o termo de depoimento. “Acredita que Mauro Cid não tenha arquitetado a inseção de dados falsos em seu nome e em nome de sua filha.”
Ele respondeu também sobre as conversas golpistas descobertas pela PF a partir das conversas entre o ex-major do Exército Ailton Barros e o coronel Elcio Franco. O ex-presidente negou ter tomado conhecimento de pautas antidemocráticas.
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