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Devassa em patrimônio de Dirceu alcança era de 'superministro' de Lula

Quebra de sigilo fiscal da Lava Jato abrange período de seis meses em que José Dirceu foi ministro-chefe da Casa Civil, em 2005, e fase do cárcere, após condenação no Mensalão, em 2013; força-tarefa busca bens adquiridos com recursos desviados da Petrobrás por meio de empresa de consultoria

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Por Redação
Atualização:

Por Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Mateus Coutinho

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A devassa no patrimônio acumulado pelo ex-ministro José Dirceu e por sua empresa a JD Assessoria, ao longo dos últimos dez anos, realizada pela força-tarefa da Lava Jato, vai atingir dois períodos cruciais de sua vida. A época áurea de ministro-chefe da Casa Civil - em que foi o principal homem do governo Luiz Inácio Lula da Silva - e presidente nacional do PT e o período de reclusão no Presídio da Papuda, em Brasília, após ser condenado por corrupção e formação de quadrilha, no processo do Mensalão.

A quebra do sigilo fiscal decretada pela Justiça Federal abrange o período de 1º de janeiro de 2005 a 18 de dezembro de 2014. Toda movimentação patrimonial declarada de Dirceu, de sua empresa JD Assessoria e Consultoria Ltda. e do irmão e sócio Luiz Eduardo de Oliveira e Silva será submetida ao crivo dos auditores tributários.

José Dirceu. Foto: Dida Sampaio/Estadão

As suspeitas dos investigadores da Lava Jato são de que os R$ 3,7 milhões recebidos pela JD Assessoria e Consultoria entre 2009 e 2013, de três empreiteiras acusadas de cartel, fraudes e corrupção na Petrobrás(UTC Engenharia, Galvão Engenharia e OAS), possam ter relação com os "recursos espoliados do Poder Público" no esquema.

A Justiça também autorizou o acesso à movimentação bancária do ex-ministro, de seu irmão e da empresa de assessoria por eles controlada. Neste capítulo da devassa nas contas de Dirceu o período é menor, mas pega a etapa em que ficou confinado na prisão de Brasília ­- a pesquisa vai de 1.ºde janeiro de 2009 a 18 de dezembro do ano passado.

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Os procuradores querem saber se a empresa de Dirceu cumpria a mesma função das firmas de fachada do doleiro Alberto Youssef - alvo central da Lava Jato - emitindo notas genéricas para as maiores empreiteiras do País por consultorias e outros serviços fictícios.

As suspeitas envolvendo os negócios de Dirceu surgiram quando a Lava Jato investigava as movimentações financeiras das 22 empreiteiras, que se autodenominavam "clube". A Receita Federal identificou vultosos pagamentos das empreiteiras OAS, a Galvão Engenharia e a UTC Engenharia para a JD.

Dirceu não está sob suspeita da Lava Jato  como operador do PT, mas porque sua empresa teria adotado o mesmo expediente das empresas de Youssef para captar valores desviados da Petrobrás.

"Verifica-se que, no período de 2009 a 2013, a empresa JD Assessoria recebeu a expressiva quantia de R$ 3,761 milhões a título de consultoria, das empreiteiras acima listadas, as quais estão sendo investigadas justamente pelo pagamento de serviços de consultoria fictícios a empresas diversas para viabilizar a distribuição de recursos espoliados do Poder Público", assinalou a juíza federal Gabriela Hardt.

Segundo ela, o objetivo das quebras autorizadas "é justamente identificar eventuais outros pagamentos suspeitos nas contas das pessoas ora investigadas". "Há causa provável para a quebra de sigilo fiscal e bancário requerida pela autoridade policial, uma vez que necessária para verificar se os investigados foram ou não beneficiários do esquema de distribuição de recursos desviados da Petrobrás."

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Dirceu foi ministro-chefe da Casa Civil de janeiro de 2003 a junho de 2005, quando saiu do cargo após ser apontado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como mentor do esquema de compra de apoio parlamentar no Congresso, o Mensalão.

O caso, considerado o primeiro maior escândalo com condenações de políticos nos governos petistas (Lula e Dilma Rousseff), foi a origem dos processos da Lava Jato, que começou apurando os crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo os recursos desviados pelo ex-líder do PP José Janene, morto em 2010, por intermédios de Youssef.

COM A PALAVRA, O EX-MINISTRO JOSÉ DIRCEU

Por meio de sua assessoria de imprensa, o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu afirmou que a empresa de consultoria "apresentará documentação demonstrando os serviços prestados".

"A JDA refuta com veemência a suspeita da Justiça de ser uma consultoria de fachada", afirma texto divulgado pela assessoria de Dirceu. "A empresa apresentará documentação demonstrando os serviços prestados."

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Na nota divulgada logo que foi noticiada a descoberta sobre os R$ 3,7 milhões que a JD recebeu de três empreiteiras sob suspeita de formação de cartel na Petrobrás, a assessoria de imprensa do ex-ministro negou relação entre os serviços de consultoria prestados pelo petista e contratos da Petrobrás.

Segundo a nota da assessoria de imprensa, Dirceu foi contratado pelas construtoras UTC, OAS e Galvão Engenharia para prestar consultoria sobre mercados externos, principalmente América Latina e Europa.

"A relação comercial com as empresas não guarda qualquer relação com contratos na Petrobrás sob investigação na Operação Lava Jato", diz nota publicada no blog do ex-ministro. A assessoria informa ainda que Dirceu está à disposição para prestar esclarecimentos à Justiça.

LEIA AS DECISÕES JUDICIAIS QUE ABRIRAM O SIGILO BANCÁRIO E FISCAL DA JD ASSESSORIA, DO EX-MINISTRO JOSÉ DIRCEU E DO IRMÃO DELE, LUIZ EDUARDO OLIVEIRA

Documento

DECISÃO 1

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Documento

DECISÃO 2

 

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